"Se Jesus se fixasse na sua dor e na ira dos seus carrascos, teria abandonado o seu cálice. Porém, nem suas dores nem a frustração causada pelas pessoas o dominavam.
Nós desistimos facilmente das pessoas que nos decepcionam, mas ele tinha uma capacidade de perseverança ímpar. Sua motivação era inabalável. Tinha metas sólidas e estabelecia prioridades para cumpri-las. Assim, conseguia extrair forças para suportar com dignidade o que ninguém suportaria com lucidez.
Ele estava sofrendo, mas não sofria como um miserável ou um infeliz. Em cada momento de dor, entrava num profundo processo de reflexão e diálogo com seu Pai. O mestre da vida caminhava dentro de si mesmo enquanto caminhava para seu destino final. Conseguia ver as dores em outra perspectiva.
Em que perspectivas vemos nossos sofrimentos? Não estou me referindo aos sofrimentos dramáticos como os que Jesus passou, mas àqueles que vivemos diária ou semanalmente. Muitos de nós não sabemos passar pelas dificuldades inerentes à vida. Elas nos abalam e não nos alicerçam, nos paralisam e não nos libertam.
Ninguém deve procurar qualquer tipo de dor para lapidar sua personalidade. Devemos ir sempre em direção à zona de conforto, ir ao encontro do prazer e da tranquilidade. Contudo, ainda que seja o mais prevenido dos homens, você, além de não ser perfeito, não consegue controlar todas as variáveis de sua vida Por isso, pequenas dores e frustrações o acompanharão em sua trajetória existencial.
O problema não é se elas baterão ou não à sua porta, mas o que você fará com elas. Não reaja com medo, não se revolte, não culpe o mundo. Lembre-se de que o mestre dos mestres mostrou que a dor pode ser uma excelente ferramenta para lapidar a alma. Quem aprende a usá-la deixa de ser um herói por fora e se torna uma pessoa forte por dentro..."
(Augusto Cury - O Mestre do Amor - Ed. Academia de Inteligência, São Paulo, 2002 - p. 73/74)
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