"A devoção pode ser uma coisa maravilhosa e bela, um foco espiritual que, em sua pureza e intensidade, é tal qual uma chama que se espalha rapidamente, seguindo adiante, superando obstáculos, e acelerando muito os processos destrutivo e construtivo. Tem sido chamada de a mais curta de todas as rotas para a meta, porque direciona todas as energias da pessoa para o objetivo da busca. Implica um estado de mente e coração no qual o fim está constantemente corporificado nos meios. Não é simplesmente um estado de busca, é um estado de conclusão e realização; uma condição na qual o derradeiro e o próximo estão reunidos e sintetizados, de modo que o resultado, que é uma consumação, é que permanece sempre satisfatório. É uma qualidade tão essencial quanto a sabedoria e a reta ação para o aperfeiçoamento de cada temperamento.
A devoção pode ser de vários tipos: a do devoto, que se expressa em amor absoluto e irrestrito; a do agente, que transparece em sua ação; aquela que assume a forma de compreensão que floresce no serviço, segundo a necessidade e ocasião.
É um fato que, de acordo com o caráter da devoção pessoal, será o objeto ao qual se é devotado, qualquer que seja o nome que se lhe dê; essencialmente, esse objeto é o que a pessoa cria com sua própria mente e coração.
A devoção a um líder ou a um instrutor, quando é pura, é sempre devoção àquilo que é verdadeiro, belo e bom em si próprio. A devoção a um ideal é proporcional à verdade que está corporificada no conceito desse ideal. Quando a devoção é fanática, é por causa de alguma inflexibilidade, algum desconforto na natureza do devoto estimulada e gratificada por seu objeto de devoção, segundo sua concepção. Mesmo assim, se a causa tiver um nome auspicioso, o que o atrai é aquilo que apela à sua natureza. (...)"
(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 65/66)
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