"(...) O homem cósmico une os dois processos, egocêntrico e cosmocêntrico; entesa o arco da sua natureza humana, desenvolve todas as suas potencialidades - e depois põe esse seu Eu plenipotenciário a serviço do Todo.
Também, que adiantaria pôr a serviço do Todo um Eu incompleto, semidesenvolvido? o Todo necessita de um Eu plenamente maduro, totalmente 'ele mesmo'. Deve o homem confiar em si mesmo, no seu ego, como se tudo dependesse dele somente - e deve confiar no Todo, no Eu, como se tudo dependesse dele somente. O difícil é realizar essa grande síntese das duas antíteses... Convém, pois, evitar dois erros:
1. O erro de não desenvolver devidamente o ego consciente,
2. O erro de o desenvolver plenamente, mas não pôr ao serviço do todo, do Eu divino.
No primeiro caso, o ego não cumpre a sua missão, de ser uma parte existencial, idônea, do grande Todo essencial; e, no entanto, esse Todo da Essência se revela necessariamente através das partes da Existência.
No segundo caso, o homem não ultrapassaria as barreiras do ego, da persona-máscara, culminando num poderoso Eu cósmico; não atingiria as alturas do indivíduo, do indiviso, da completa individualidade, indivisa em si, e indivisa do Todo.
Esse separatismo do ego, não integrado indivisamente no Todo, é a ideia fundamental do 'pecado', de Satã, diábolos, palavras que significam, hostilidade.
Cumpre que todo homem entese ao máximo o arco do seu ego consciente e depois o desentese e deixe a seta voar livremente ao seu grande destino cósmico. É este o velho problema da 'fé' e da 'graça'. É este o sentido da sapiência oriental: 'Quando o discípulo está pronto o Mestre aparece.'"
(Huberto Rohden - A Essência do Otimismo - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 - p. 112/113)
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