"A Filosofia Univérsica, ou Cósmica, é a filosofia segundo o Universo, ou Cosmos.
Não trata apenas da amplitude extensiva da Filosofia Universal, mas da profundidade intensiva que caracteriza o próprio Universo. Não toma por ponto de partida e termo de referência alguma pessoa - Platão, Aristótoles, Tomás de Aquino, Spinoza, Kante, Descartes, Hegel, Bergson - nem se guia por uma determinada escola de pensamento - empirismo, racionalismo, idealismo - mas reflete a própria índole da Constituição do Universo, isto é a mais intensa unidade na mais extensa diversidade - o universo em toda a sua genuinidade e integridade.
A Filosofia Univérsica aceita, naturalmente, como contribuintes, todas as correntes válidas do pensamento humano, mas não navega em nenhum desses afluentes do grande Amazonas da Filosofia perene, e sim na grande síntese do próprio Cosmos.
O Universo Integral - como causa e efeito, como essência e existência, como alma e corpo, como fonte e canais - é o único modelo válido para o pensamento e a vida do homem. O homem integral e perfeito, é plasmado à imagem e semelhança do Cosmos, uno em seu ser, múltiplo em seu agir. O homem bom é o homem cósmico, o homem mau é o homem acósmico ou anticósmico.
O uno do Universo é o Infinito - o verso (vertido, derramado) são os Finitos. O uno e único, diriam os orientais, e Brahman, que se derrama ou pluraliza no múltiplo de Maya. Nem o uno do Infinito, nem os múltiplos dos Finitos, quando tomados disjuntivamente, são o grande Todo do Universo; somente o uno e os múltiplos - a fonte e os canais - quando, tomados conjuntivamente, é que perfazem o Universo em toda a sua genuinidade e integridade. O infinito da essência se revela sem cessar nos Finitos das existências. A Transcendência do Deus do mundo aparece na Imanência dos mundos de Deus. O universo é a essência da existência, causa-efeito, alma-corpo, ser-agir, infinito-finito, eterno-temporário, imanifesto-manifesto, absoluto-relativo. A alma do Deus do mundo se revela nos corpos dos mundos de Deus.
O homem, esse macrocosmo, reflexo do macrocosmo, não pode atingir diretamente a longínqua transcendência do Uni-Infinito da Divindade - mas pode atingir a propínqua imanência dos Diversos-Finitos de Deus, que transparecem em todas as coisas do mundo. Deus é a Divindade em sua imanência finita - a Divindade é Deus em sua transcendência infinita. A Divindade, por assim dizer, se finitiza em Deus. A Divindade 'é' - Deus 'existe'. Ninguém pode conhecer a Divindade-ente - só pode conhecer algo do Deus-existente. O grande Além-transcendente ecoa nos pequenos Aquéns-imanentes."
(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 19/20)
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