"(...) O homem ocidental, atuado pela ansiedade, atraído pelo sucesso, esporeado por múltiplas ocupações, é infeliz e vulnerável. Ele precisa, para salvar-se de muitos problemas com os nervos, dar sabedoria a seu agir. Falando em linguagem yogue: substituir a rajacidade pela sattvidade.
Segundo o yoga, há um dinamismo intensíssimo no sábio, que, sentado, medita. Esse dinamismo não pode ser visualizado ou mesmo entendido pelo agitado homem pragmático do Ocidente. Um yoguin em ásana (postura) a meditar dá ao leigo a aparência de estar parado, improdutivo e perdendo tempo. No entanto, ele está num estado altamente dinâmico. Não é, como o homem vulgar o julga, preguiçoso, improdutivo e inoperante.
O preguiçoso é parado como as águas de um banhado. O nervoso homem de negócios é feito mar encapelado pela fúria da tempestade. O sábio que medita está parado, mas sua estática é vertical como a dos giroscópios. A estagnação horizontal do preguiçoso é doença. A agitação do negociante pode levá-lo à doença. A vertical estática na meditação do sábio o leva à santidade ou sanidade, que é a mesma coisa, e lhe descerra um tesouro de criatividade.
O homem superativo se gasta antes, durante e depois. Não se ocupa tão só com o que tem diante de si. Sofre por antecipação, pois se pré-ocupa. Ele sofre também com atraso, pois é presa de remorso, ressentimento ou tristeza pelo que fez, ele se pós-ocupa.
O sábio somente se ocupa. Não se pré-ocupa. Não se pós-ocupa. Não se consome no que está por vir. Não se empenha no que passou. Não sofre na espera. Não se martiriza rememorando. Ele segue o ensino bíblico, vivendo seu dia e deixando que o ontem ou o amanhã cuidem deles mesmos.
Não quer dizer que seja imprudente e irresponsável, mas acha que não é inteligente começar a dançar antes que a música toque nem continuar dançando depois que ela finda.
Sabe prever para prover e não para sofrer."
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