"(...) Devemos reconhecer, entretanto, que o caráter da criança é influenciado não somente pelos objetos que manipula e pelas formas que vê, mas também pelas numerosas influências invisíveis; as linhas, os ângulos, as curvas da sala; a cor das paredes; a forma dos objetos físicos que o rodeiam no Jardim de Infância, tudo isso, de modo invisível, pode ajudar ou retardar o seu desenvolvimento, porque cada linha, cada cor ou cada som influencia sua natureza mental e emocional; podemos facilitar ou dificultar a evolução desses pequenos seres, através da influência dos objetos que os rodeiam no Jardim de Infância. Os métodos pedagógicos aplicados nessa etapa preconizam o valor das crianças manusearem vários objetos; é preciso, porém, que os pedagogos reconheçam também que tais objetos, de uma maneira contínua, ainda que invisível, estão formando a criança e que esta influência pode moldar sua natureza de um modo positivo ou pervertê-la completamente.
Do ponto de vista teosófico, a influência que o professor exerce sobre a criança tem uma importância muito maior que os educadores atualmente percebem; pois a criança é influenciada não apenas pela pessoa visível do mestre, mas ainda pela parte invisível de sua natureza. Uma palavra forte ou um sorriso amável produzem, como todos nós sabemos, resultados evidentes; mas o efeito produzido pelo seu pensamento é infinitamente maior. O verdadeiro mestre deve dominar métodos pedagógicos não apenas intelectualmente, mas também emocionalmente; isso é essencial, sobretudo no Jardim de Infância, visto que os campos astrais e mentais das crianças são extremamente sensíveis à influência do pensamento e dos sentimentos do professor. Ninguém tem o direito de ser professor, se não tiver um grande amor pelos pequenos e não se interessar pela sua vida. A aplicação deste princípio geral é tanto mais importante no Jardim de Infância, onde as crianças são confiadas aos mestres, por assim dizer, de corpo e alma.
Muitos melhoramentos ainda deverão ser introduzidos nos Jardins de Infância, mas o princípio geral que lhes deve servir de base é o de que, enquanto os três campos da criança ainda forem plásticos, o mestre tem a obrigação de fazer atuar sobre eles, não só as influências visíveis, mas as invisíveis também, a fim de que a elevação da natureza da alma possa atingir o seu cérebro, o mais rapidamente possível."
(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 30/32)
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