"(...) A natureza mental da criança deve ser formada estritamente de acordo com os fatos; em nossos dias é sumamente difícil conseguir isso, porque a maioria das palavras que usamos não significam o que deveriam significar. Palavras que têm significado já bem definido e aceito são amiúde empregadas de uma maneira exagerada ou como gíria, o que produz confusão na mente sensível da criança. É preciso, pois, tomarmos o maior cuidado, a fim de que as crianças ouçam apenas palavras verdadeiras, isto é, palavras que tenham uma relação clara e precisa com o que elas indicam. A natureza mental da criança é extremamente ativa e, portanto, difícil de manter-se numa determinada direção; por conseguinte, é preciso dar-lhes e ainda exigir delas descrições claras das coisas. A exatidão mental introduzida na educação permitirá à sua inteligência adormecida manifestar-se de um modo mais completo no decorrer dos anos; a exatidão no pensamento e nas descrições é necessária por uma razão imperiosa: é ela que faz baixar ao cérebro da criança a consciência da alma que, em ocasiões anteriores, já formulou pensamentos exatos com respeito às experiências pelas quais passou em suas vidas precedentes.
Não é necessário dizer que a mente da criança deve ser exercitada por meio de contos. A mente é um dos melhores instrumentos construtivos que possuímos: em verdade, a razão de ser da mente, é construir. Devemos, portanto, proporcionar-lhe materiais adequados às diversas etapas de seu crescimento e, desde a idade mais tenra, mostrar-lhe o que torna belas suas criações. Por esta razão, a utilidade dos contos de fada e especialmente dos mitos é evidente; os mitos têm em sua estrutura algo de beleza intrínseca, e as faculdades imaginativas da mente infantil se desenvolvem muito, quando são postas em contato com os grandes romances dos mundos invisíveis e visíveis.
Um elemento necessário na educação é dar à criança, ainda em sua mais tenra idade, uma síntese definida sobre a qual ela possa basear sua imaginação; para obter este resultado, é fundamental a religião. Não devemos entender por religião uma série de dogmas teológicos; o que a criança precisa no início é algum grande pensamento universal que relacione com um sentimento também universal. Cada religião possui vários destes pensamentos que estão ao alcance da mentalidade até das crianças, e é perfeitamente possível rodear os pequenos seres de uma esplendida atmosfera religiosa. (...)"
(C. Jinarajadasa - Teosófica Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 34/36)
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