"A desigualdade dos homens será o resultado de um plano divino de criar deliberadamente homens desiguais? E o Criador dá a esses homens oportunidades as mais diversas, durante uma única existência, e depois recompensa-os ou pune-os de conformidade com suas obras?
Surgirão bruscamente do Nada, almas com um conjunto de qualidades morais e intelectuais nitidamente acentuadas; umas são primitivas, simples, grosseiras; outras, refinadas, inteligentes?
O homem primitivo e o outro, de alta moral, após vida relativamente curta, irão gozar juntos prazeres eternos, ou sofrer unidos, penas infindáveis?
Gozarão ou sofrerão com a mesma intensidade? Ou haverá gradação nos prazeres e nos sofrimentos, como consequência eterna de uma curta e transitória vida?
O assunto é digno de meditação.
No dizer de Annie Besante esta concepção de almas desiguais, que surgem do nada e depois de curtos anos de vida vão gozar ou sofrer eternamente, é verdadeiramente monstruosa.
E há fatos cotidianos não explicados por esta teoria. As crianças recém-nascidas que morrem logo após? Vão para os prazeres eternos? Mas, o que fizeram para merecê-los?
E os idiotas congênitos, que não têm e nunca terão capacidade de raciocínio nem discernimento entre o bem e o mal?...
E os que nascem nas piores condições de ambiente e que se tornam miseráveis e são levados ao crime pelas condições mentais, morais e econômicas desfavoráveis?...
O homem, tão insignificante perante a magnificência de Deus, será capaz de cometer pecados irremissíveis, indignos de misericórdia e que acarretarão como consequência o castigo das chamas eternas?...
Os que aceitam tal teoria são forçados a admitir a velha chapa de imperscrutabilidade dos desígnios de Deus. De fato, os desígnios de Deus são imperscrutáveis; não sabemos por que criou Ele o Universo, e muitas outras coisas escapam ao nosso fraco e limitado entendimento, mas não rebaixemos tanto os mistérios divinos... (...)"
(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 187/188)
(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 187/188)
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