Quem cuida apenas da estética do corpo e descuida do enriquecimento interior vive a pior solidão, a de ter abandonado a si mesmo em sua trajetória existencial. As pessoas que vivem preocupadas com cada grama de peso fazem de suas vidas uma fonte de ansiedade. Elas têm grande dificuldade de superar as contrariedades, as contradições e os focos de tensão que surgem na trajetória existencial. A ditadura dos focos de tensão torna o ser humano uma vítima de sua história, e não um agente construtor dela, um autor que reescreve seus principais capítulos. É mais fácil sermos vítimas do que autores de nossa história. (...)
Cristo via as dores da vida sob outra perspectiva. Enfrentava as contrariedades sem desespero, não tinha medo da dor nem das frustrações pelas quais passava. Muitos o decepcionavam, até os seus íntimos discípulos o frustravam, mas ele absorvia aquelas frustrações com tranquilidade. Como mestre da escola da existência, treinava continuamente seus discípulos para superarem seus focos de tensão, para enfrentarem seus medos e seus fracassos. Assim, poderiam reescrever suas histórias e corrigir suas rotas com maturidade.
Certo dia, Jesus teve um diálogo curto e cheio de significado com seus discípulos. Disse: 'No mundo passais por várias aflições, mas tende bom ânimo, pois eu venci o mundo.' Ele reconheceu que a vida humana é sinuosa e possui turbulências inevitáveis, encorajou seus íntimos a não se intimidarem diante das aflições da existência, mas se equiparem com ânimo e determinação para superá-las. Disse que tinha vencido o mundo, superado as intempéries da vida, o que indica que ele não vivia sua vida de qualquer maneira, mas com consciência, com metas bem estabelecidas, como se fosse um atleta."
(Augusto Cury - O Mestre dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2006 - p. 105/106)
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