"É sempre bom falar a verdade; mas melhor ainda é dizer verdades agradáveis, evitando-se as desagradáveis. Dirigir-se assim a um manco: 'Olá, senhor Manco' pode ser verdadeiro, mas trata-se de uma verdade grosseira e prejudicial, que devemos evitar a todo custo. É ruim criticar quando a crítica não foi solicitada, mas é benéfico ouvir uma crítica gentil e é admirável aceitar uma censura firme, mas veraz, com sorrisos e mostras de gratidão.
A lisonja pode ser boa quando estimula a pessoa a agir corretamente. No entanto, é perniciosa quando procura esconder uma ferida espiritual, permitindo que ela se inflame e envenene a alma com a ignorância. Todos gostamos de lisonjas, tal como muitas pessoas saboreiam sem saber mel envenenado. Também gostamos, no íntimo, de desculpar nossas falhas prejudiciais e esconder grandes furúnculos psicológicos que possam abalar e infectar nossa vida espiritual.
A lisonja alheia e os sussurros reconfortantes de nossos próprios pensamentos afagam docemente nossos ouvidos. A sabedoria humana é muitas vezes contaminada pela peçonha das palavras aduladoras. Muita gente perde com gosto dinheiro, tempo, saúde e mesmo caráter em troca das insinuações maldosas e enganadoras de parasitas que se dizem amigos.
Um santo tinha um amigo que sempre o criticava, para grande desgosto de seus discípulos. Certo dia, um desses procurou-o, exultante: 'Mestre, teu inimigo, o esmiuçador de defeitos, morreu!' O mestre prorrompeu em lágrimas e lamentou: 'Meu melhor crítico espiritual se foi! Estou de coração partido'.
Muitas pessoas preferem a bajulação à crítica inteligente e naufragam por não dar ouvidos às honestas advertências de mestres espirituais bem-intencionados. Assim, toda vez que alguém o criticar com brandura ou aspereza, pergunte-se: 'Terei sido ludibriado por palavras doces, permitindo que minha sabedoria caísse prisioneira da lisonja?'"
(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Espiritualidade nos Relacionamentos - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 30/31)
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