"(...) Quando precisamos estar na companhia de pessoas com quem não reagimos de forma positiva, o que devemos fazer? Suponha que alguém está zangado ou ressentido com você. Se você é uma pessoa de autodisciplina, serenidade e discernimento, não vai acrescentar lenha ao fogo. Não vai perder seu próprio autocontrole e paz mental simplesmente porque alguém os perdeu. Recordo-me do exemplo de uma de minhas primeiras experiências aqui em Mt. Washington, sob o treinamento de meu guru, Paramahansa Yogananda.
A mobília de nossos quartos, nos primeiros dias, era pouco adequada - caixotes de laranjas para guardar nossas roupas, uma cama de madeira dura como as que ainda usamos, uma cadeira reta, não havia tapete no soalho... e era só isso. Uma mulher que morou em Mt. Washington por pouco tempo incumbiu-se de renovar a mobília dos quartos dos devotos, com exceção da minha. Isso não me perturbou, porque eu não tinha vindo em busca de coisas materiais; eu as tivera no mundo. Mas Guruji percebeu a exclusão; ele sempre percebia com rapidez qualquer injustiça. Gurudeva nunca falava maldosamente a respeito de ninguém, mas ele me disse, para minha própria compreensão: 'Ela tem ciúme de você'.
Comecei a praticar, em toda ocasião propícia, o que Paramahansaji ensinara a respeito de como nos comportar em relação às pessoas que antipatizavam conosco: 'Não importa como tratem você, continue a lhes dar amor'. Adotei a atitude de que eu não estava buscando nada de ninguém, a não ser de Deus e de meu Guru. Essa mulher, portanto, não podia me magoar. Como eu nada ambicionava dela, nenhum desejo meu podia ser contrariado por seu tratamento. Eu estava obtendo, de meu amado Deus e de meu Guru, o que buscava. Sempre que meditava, eu mantinha mentalmente essa devota no amor e na luz espiritual de Deus.
Um dia, algum tempo depois, ela estava se sentindo triste e solitária. As pessoas a quem ela dava muito valor achavam difícil conviver com ela e se afastaram. Encontramo-nos por acaso no corredor. Ela falou comigo, e eu lhe disse alguma coisa que deve ter sido confortadora. Mais tarde, pediu para me ver, e conversamos outra vez. Ela desabafou comigo. E finalmente disse: 'Quando você chegou aqui, fiquei ressentida, porque você era tão cheia de entusiasmo espiritual, e eu não tinha isso. Porém, apesar da maneira como a tratei, você me deu compreensão e verdadeira amizade.' Compreendi, então, como as pessoas mudam se você continua a ser gentil com elas. Tenho visto isso funcionar muitas vezes em minha vida."
(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 62/63)
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