E o que são esses elementais que interagem conosco dificultando o nosso
trabalho de purificação dos nossos corpos físico, astral e mental? Por que
muitas vezes reagimos de determinada forma a algo com ira, inveja, palavras
ásperas e até agressões físicas, se já sabemos que essas atitudes não são as
corretas?
Antonio Geraldo Buck, no Manual Básico de Teosofia, nos informa: “É
de fundamental importância o entendimento sobre o funcionamento dos reinos
elementais da natureza, porque eles estão no homem, fazendo parte da sua
constituição mental e astral. Ora, tais reinos estão numa evolução descendente
e, portanto, necessitam de vibrações mais grosseiras para se densificarem
(...)”.
Os elementais não são nem bons e nem maus, simplesmente provenientes do
Segundo Aspectos do Logos. Esse fluxo de vida ao adentrar no plano mental
Superior após construir formas, passa a habitá-las. Esse é chamado de primeiro
Reino Elemental, o qual com a finalidade de alcançar o reino mineral, passa a
densificar-se, uma vez que está numa evolução descendente. Continuando nesse
processo de involução, a essência elemental ao chegar no plano mental inferior
é denominada de Segundo Reino Elemental e ao “descer” um pouco mais, habitando
o plano Astral é conhecida como Terceiro Reino Elemental, ou elemental do
desejo.
Se pararmos para refletir que esses elementais estão sendo impulsionados
para uma densificação no arco descendente e nós estamos buscando purificação de
nossos corpos através do arco ascendente, concluiremos que enquanto não
despertamos para a necessidade de nos tornarmos melhores, vamos não só
interagindo com esses elementais do desejo, mas também alimentando-os e nesse
processo simbiótico é que vai sendo gerado uma ligação a qual perdura mesmo
após o desencarne. Segundo C. W. Leadbeater em A Vida Interna, no momento do
desencarne o elemental do desejo sabe que com o fim do corpo físico seguir-se-á
também a morte do corpo astral e o fim das suas sensações densas, por isso ele
procura preservar o corpo astral, dispondo-o em camadas, as mais densas e
grosseiras na parte externa. Isso, fará com que a pessoa só perceba o subplano
correspondente à camada mais externa, impedindo de transitar por todos os
subplanos do astral como o fazemos enquanto encarnados. É uma prisão até que termine
a vida astral. Esse processo pode ser evitado quando através da purificação do
corpo astral controlamos o elemental do desejo não só enquanto encarnados, mas
após a morte.
No processo de evolução ao buscarmos responder às sensações menos densas,
mais sutis, temos que ir cortando os vínculos formados com esses elementais. E
é aí que começa o conflito interior, a luta entre o bem e o mal dentro de nós
mesmos. (Jinarajadasa, Fundamentos de Teosofia)
Esse conflito humano impulsionado pelos elementais de um lado e pelo Ego
do outro, é muito bem mencionado pelo apóstolo Paulo, em Romanos VII-19 a 23: Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não
quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e,
sim, o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei
de que o mal reside em mim. Porque no tocante ao homem interior, tenho prazer
na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a
lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.
Tendo conhecimento desse lado oculto da nossa constituição, só nos resta
arregaçarmos as mangas e partirmos para um trabalho interior, onde fortificados
pela auto-observação, meditação e estudo, conscientizemo-nos de que somos seres
espirituais em busca da autorrealização.
¹ Comentários sobre o parágrafo 8º de Aos Pés do Mestre, de J.
Krishnamurti, Ed. Teosófica, p.23/24
Tirza Fanini
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