"A cooperação é algo muito diferente. É a alegria de
estar juntos e atuar juntos – sem estar necessariamente fazendo determinada coisa. As crianças pequenas gostam de estar
juntas e atuar juntas, simplesmente. Estão sempre dispostas a cooperar em
qualquer coisa. Não é questão de acordo ou desacordo, de recompensa ou de castigo;
querem simplesmente ajudar. Cooperam instintivamente, por prazer. Mas os
adultos destroem esse natural e espontâneo espírito de cooperação, dizendo: ‘Se
você fizer isso, te darei um presente; se não fizer, não deixarei ir ao
cinema’. É assim que se introduz o elemento corruptor. A verdadeira cooperação
nasce não de se ter combinado um certo projeto, mas da alegria, do sentimento
de união, porque nesse sentimento não há a obstinação das ideias e das opiniões
pessoais.
Quando você conhece essa qualidade de cooperação,
saberá também quando não se deve cooperar – o que é igualmente importante. É
necessário despertar em nós mesmos esse espírito de cooperação, porque então
não será um mero plano ou acordo que nos fará trabalhar juntos, mas sim um
extraordinário sentimento de solidariedade, a alegria de estar juntos e atuar
juntos – sem nenhuma ideia de recompensa ou de castigo.
Se não tivermos suficiente discernimento, poderemos
cooperar com líderes insensatos, cheios de planos grandiosos e ideias
fantásticas, como Hitler e outros tiranos de tantas épocas. Devemos saber
quando não cooperar, e só o saberemos quando conhecermos a alegria da
verdadeira cooperação.
Quando se sugere trabalhar juntos, a imediata reação é
provavelmente esta: ‘Para que fim? O que vamos fazer?’ em outras palavras, o
que vai ser feito torna-se mais importante do que o sentimento de estar juntos
– e, quando o plano, o conceito ou a utopia ideológica assume a importância
maior, não há real cooperação."
(J.
Krishnamurti - O prazer da cooperação - Revista Sophia, Ano 5, nº 20 - p. 13)
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