"Descarte o desejo pelos prazeres sensoriais, os quais, como o prazer obtido enquanto se coça um eczema sarnoso, somente torna a doença mais grave. Você não a pode sarar enquanto ceder à tentação de coçar. Quanto mais você coça, mais é tentado a continuar, até sobrevir o sangramento. Desista, portanto, desta vã pretensão¹ e se concentre sobre assuntos espirituais, ou, no mínimo, mova-se no mundo com a sempre presente convicção de que ele é um marasmo, uma rede, uma armadilha na qual o desejo e o apego precipitarão você.
Raiva e ira podem ser usadas para proteger o sadhaka (asceta) contra o mal que o acoça. Enraiveça-se, mas somente contra as coisas que o estorvam.² Ire-se, mas somente contra os que fazem de você um bruto. Cultive jnana (sabedoria) e visualize o Senhor nas coisas e nas atividades. Isso torna cada vez mais eficaz seu nascimento humano. Não vasculhe os erros dos outros, porque os outros são manifestações do Senhor, o qual você está buscando realizar. O que vê nos outros são os seus próprio erros.
Da mesma forma como a cauda de um girino, o ego se desprende, à medida que se cresce em sabedoria. Deve simplesmente cair, pois, se for cortada, o pobre girino morrerá. Assim, não se aborreça quanto a seu ego. Desenvolva sabedoria, cultive discernimento, conheça a natureza fugaz de todas as coisas objetivas e, então, a 'cauda' não sobreviverá."
¹ A vã pretensão de saciar a fome de prazer (kama) através da permissiva gratificação.
² Raiva e ira são aqui força de expressão para acentuar o quanto precisamos evitar as coisas e atividades que estorvam nosso caminho de retorna à 'casa do pai'.
(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 99/100)
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