"O homem é o mais antigo habitante do planeta Terra, embora prevaleça a crença geral de que ele seja o mais recente. No estado atual da sua evolução, é verdade, é o homem um ser assaz recente; mas, como homem potencial, é ele antiquíssimo. E, como toda creatura é realmente o que ela é potencialmente, é perfeitamente exato afirmar que o homem é o habitante mais antigo da terra.
Felizmente, as descobertas da ciência corroboram grandemente a nossa afirmação. Fisicamente, pertence o homem à classe dos mamíferos superiores. Entretanto, qualquer cavalo ou vaca é adulto aos 3 anos de idade - ao passo que o homem atinge a plenitude da sua evolução corporal apenas aos 21 anos, levando 7 vezes mais tempo do que qualquer animal. Por que essa diferença?
Principalmente por causa do cérebro humano, cujo desenvolvimento total exige período muito longo; e, para evitar a creação de um monstro, obriga a Natureza o organismo do homem a realizar evolução extremamente lenta, a fim de correr paralela ao desenvolvimento do cérebro.
O animal também tem cérebro, mas sem a função específica do cérebro humano. Anatomicamente, é o cérebro do mamífero superior semelhante ao cérebro do homem, funcionalmente há uma diferença profunda. O cérebro humano produz e capta vibrações de outra frequência, de caráter mental, e até racional, vibrações essas incomparavelmente mais sutis do que as vibrações sensoriais do cérebro animal. Devido a essa diversidade essencial, não há exemplo de que uma 'inteligência animal' se tenha, alguma vez, desenvolvido em inteligência humana. Mesmo o mais inteligente dos animais adestrado pelo homem para certos trabalhos e acrobacias, recai invariavelmente ao estado natural dele quando o treino cessa e o animal é deixado a sós, prova de que a sua 'inteligência' era heterônoma, e não autônoma, como a do homem; era apenas um reflexo extrínseco da inteligência humana, e não uma inteligência com sede intrínseca na própria natureza específica do animal. A inteligência animal está inteiramente a serviço da biologia individual e sexual de seu dono, ao passo que a inteligência humana pode atingir as mais excelsas culminâncias da abstração universal. Nunca nenhum animal se deu ao trabalho 'estéril' de calcular a distância entre a terra e o sol, medir a velocidade da luz ou investigar a trajetória dos elétrons ao redor do próton atômico. (...)"
(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 81/82)
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