"Até que alcancemos efetivamente a união com Deus, claro que é absolutamente natural a ocorrência de disputas e desentendimentos entre nós e os outros. É preciso, porém, que não deixemos o ressentimento permanecer em nós; caso contrário, ele nos corroerá os corações como um câncer. Cristo que, como todos os mestres verdadeiramente espirituais, era grande psicólogo, ensinou que devemos reconciliar-nos o mais cedo possível com nosso irmão, antes de oferecermos nossa oferenda a Deus. Todos quantos tenham praticado a meditação compreenderão imediatamente quão profundo é este ensinamento.
Suponha que alguém o tenha ofendido e que você se irritou. Ao começar a meditar, o que acontece? A oração e a meditação concentram a mente e intensificam as emoções. Consequentemente, o montículo de irritação converte-se numa montanha de raiva. Você começa a imaginar coisas terríveis sobre a pessoa que o ofendeu. Você acaba por sentir-se incapaz de meditar e de rezar, incapaz de achegar-se de Deus, enquanto não se reconciliar sinceramente com seu irmão. Só há um meio de sentir-se sinceramente reconciliado: procurar ver Deus em todos os seres e amá-lo neles todos. Se você se irritou com seu irmão, reze por ele como você o faz por você mesmo; reze para que ambos possam crescer no entendimento e na devoção a Deus. Logo você alcançará a espiritualidade. Mas, se guardar a raiva no coração, você ferirá tanto a si mesmo quanto a seu irmão.
Ensina-se no Budismo e no Vedanta que é dever do homem rezar pelos outros antes de rezar por si mesmo. Pede-se que mandemos um pensamento de boa-vontade a todos os seres antes de nos oferecermos a Deus. Semelhante prática é um estágio significativo na conquista do amor ao nosso próximo e a Deus. (...)"
(Swami Prabhavanda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 54/55)
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