"Concentremo-nos de tal maneira no nosso trabalho que não tenhamos tempo de achar defeitos no trabalho dos outros, ou de meter o bedelho na vida deles. Se todo homem se ocupasse unicamente dos próprios assuntos, o trabalho seria infinitamente mais feliz.
Esse bisbilhotar nos negócios dos outros é causa de muito mal, e pode dizer-se que a pessoa que o faz sofre de uma doença. O homem que enreda, por costume, não o faz com o propósito de ajudar, mas simplesmente para satisfazer a curiosidade a respeito de alguma coisa que não lhe diz respeito, o que é sintomático da sua doença. Outro sintoma é o de ele não conseguir guardar para si a informação que tão infamemente adquiriu, mas sente necessidade de despejá-la nos ouvidos de outros, tão néscios quanto ele. Pois é imoral, sem dúvida, esse mexerico - uma das coisas mais imorais do mundo. Noventa e nove vezes em cem o que se diz é uma rematada invenção, mas produz enorme quantidade de mal.
Não se trata apenas do prejuízo causado à reputação de outra pessoa; essa é a menor parte do mal. O bisbilhoteiro e seus amigos pestilentos estão sempre gerando formas de pensamento de alguma qualidade má que decidem atribuir à vítima e, a seguir, passam a jogá-las sobre ela numa torrente incessante. O efeito natural disso será despertar nela a qualidade má de que a acusam, se existir alguma coisa em sua natureza que corresponda aos perversos esforços dos detratores. Num caso em cem, em que haja alguma verdade na intriga maldosa, as suas formas de pensamento intensificam o mal, e destarte vão empilhando para si mesmos uma provisão do carma terrível, decorrente do fato de induzir um irmão a fazer o mal. Os teosofistas, sobretudo, deveriam fazer diligência para evitar esses males, porque muitos estão envidando esforços no sentido de desenvolver poderes psíquicos, e, se os usarem com o propósito de bisbilhotar nos negócios de outras pessoas ou de enviar-lhes maus pensamentos, o seu carma acabará sendo da natureza mais terrível. (...)"
(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 101)
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