"I - Bem e Mal. Experiência. Manifestação
O problema do bem e do mal é, em sua essência, relativo, porque depende da escola filosófica, da concepção do mundo que o indivíduo adote. Assim, para um católico, bem é aquilo que está de acordo com as leis de Deus e estas são conhecidas dos homens através da autoridade da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana. No lado oposto, um comunista, que não toma em consideração os ditames da Igreja Católica, só admite como bem, tudo o que conduz à socialização e mal, o que a retarda ou impede.
Sabe-se que Stalin, em sua mocidade, assaltou um trem, para conseguir fundos para o partido bolchevista. Para o católico, o seu ato representa uma grave infração aos preceitos divinos e para o comunista, uma ação supremamente boa...
Não há necessidade de apontar mais exemplos, para concluir-se que os conceitos de bem e de mal são relativos, mas poder-se-á verificar que são artificiais, ou unilaterais, porque é tomado para ponto de reparo um conceito arbitrário: pretensas leis de Deus, provindas de revelações ou, então, leis ou móveis de ação que são aplicáveis apenas a uma fase da evolução social da humanidade.
Se o homem tomar como ponto de reparo a sua posição no cosmos, se conseguir descobrir algumas leis fundamentais que regem o universo e chegar a conhecer realmente a natureza humana, poderá ter um conceito mais amplo, mais universal, do bem e do mal. Temos então de tomar nossas lições com os gregos e aprender em Heráclito que: 'O bem é a compreensão da harmonia do universo e a vida de acordo com ela'. Se se reconhecer uma harmonia universal, não poderá haver lugar para o mal, o qual é apenas uma fase, ou uma nota dessa harmonia.
A tendência, aliás, de muitos filósofos, é a de negar a existência do mal, que será antes um modo imperfeito de se considerar as coisas. Para Santo Agostinho e para Leibnitiz, o mal seria como as sombras de uma pintura, as quais servem para ressaltar as cores. Para Annie Besant: 'O que é mal visto pelo lado da forma é um bem visto pelo lado da vida'.
Filo e Plotino, da Alexandria, aproximam-se mais da metafísica cristã, segundo a qual Deus é a fonte do bem, e a matéria (ou o homem, segundo o Cristianismo) a fonte do Mal. As doutrinas teosóficas assemelham-se às de Heráclito e às dos estóicos, segundo as quais o homem é parte do universo, com função definida a cumprir dentro da harmonia ou do entrosamente universal e deve se submeter às leis cósmicas. (...)"
Nenhum comentário:
Postar um comentário