"(§06) Quando há trabalho que precisa ser feito, o corpo físico quer descansar, passear, comer e beber; e o homem que não sabe diz a si mesmo: ‘Eu quero fazer estas coisas, e preciso fazê-las.’ Mas o homem que sabe, diz: ‘Aquele que quer não sou eu, e deve esperar um pouco.’ Frequentemente, quando há uma oportunidade de auxiliar alguém, o corpo insinua: ‘Quanto aborrecimento me trará isto, deixemos que outro qualquer o faça.’ Mas o homem que sabe replica ao seu corpo: ‘Tu não me impedirás de praticar uma boa ação.’"
Neste parágrafo Krishnamurti nos
mostra como nos identificamos com o corpo físico. Essa identificação se dá,
porque é por meio desse corpo que atuamos no plano físico denso, o qual é formado de matéria no estado sólido, líquido e gasoso. A nossa tarefa é trazer
o corpo físico sob controle. Para tanto, é necessário que primeiro tomemos
consciência de que ele é o veículo com que a alma pode experienciar estes
níveis densos, através do sistema nervoso, onde deverá estar apto a “receber impulsos originados nos corpos
superiores, tais como sentimentos, pensamentos e intuições e transmiti-los ao
mundo físico através de ações” (Antonio Geraldo Buck)
Segundo I. K. Taimni, em seu livro
Autocultura à Luz do Ocultismo: “O corpo
físico tem alguma coisa que pode ser chamada semiconsciência, tem também
hábitos, idiossincrasias e algo que corresponde à vontade, de modo que ele pode
resistir, e resiste às nossas tentativas para mudar seus processos.” Todos
nós sabemos como muitas vezes é difícil mudar algum hábito, mesmo que tais hábitos
tenham sua origem nos corpos mental e emocional, mas como diz o próprio Taimni,
é no físico que ainda ficam resquícios a serem trabalhados, como levantar em
determinada hora, deixar de comer algo que não nos faz bem, executar tarefas
que exigem um esforço a mais e assim por diante. Mas aquele que sabe o porquê
de estarmos encarnados nesse nível de matéria densa, também sabe que é tarefa
nossa controlar o corpo físico, apesar de ser uma tarefa árdua, mas o processo
deve se iniciar com a “desidentificação”, isto é, sabermos que não somos o
corpo físico. Para tanto, a disciplina é
fundamental para que se tenha o corpo físico sob controle, sem castigá-lo ou
mortificá-lo. Temos que ter em mente que, para que ele possa ser um bom veículo
é necessário que goze de boa saúde, a fim de que possa desempenhar a contento
suas funções.
Comentários sobre o parágrafo 5º de Aos Pés do Mestre, de J. Krishnamurti, Ed. Teosófica, p.19-21
Tirza Fanini
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