"(...) O
terceiro segredo para a felicidade diz respeito à autoimagem. Por que
precisamos tê-la? Não será ela uma ilusão? Quase todas as formas de sofrimento
estão associadas à autoimagem. ‘Como fui injustiçado, estou ofendido; quanta
ingratidão. Essas frases surgem na mente e nos jogam para baixo como
decorrência da autoimagem que estamos sempre a nutrir.’
Ninguém
pode nos ofender, a não ser que permitamos, ficando presos a um jogo de imagens
mentais. Se percebemos o caráter ilusório dessas imagens, quantas ofensas,
preconceitos e barreiras se desvanecem e se desfazem. Nós não somos a imagem de
nós mesmos que estamos sempre a nutrir, e,portanto, precisamos perceber os
jogos do pensamento para nos livrar de um fardo imenso que impede a felicidade.
A
quarta dica diz respeito à percepção da transitoriedade de tudo o que é
externo. Estamos nesse mundo material de passagem. Essa é a mais certa de todas
as realidades. Não sabemos ainda em que momento sairemos dessa dimensão
percebida por meio dos cincos sentidos, mas não temos dúvida de que a morte
algum dia virá. A consciência da realidade inexorável da morte pode mudar
completamente o sentido da vida. Todo o apego, todo desejo de perenização, tudo
deve ser considerado e compreendido tendo em conta que a vida e morte são duas
faces de uma realidade profundamente bela e sagrada. Resistir ao movimento da
vida, que inclui a morte, é mergulhar no sofrimento.
Em
quinto lugar, se queremos ser felizes, precisamos perceber o nosso egoísmo, sem
fazer disso um problema. O ser humano, na fase em que se encontra, é
profundamente egoísta, e nós não somos diferentes. É melhor sermos honestos e
ver as coisas como são do que acreditar numa imagem glorificada de nós mesmos
que não corresponde à realidade. Se decidirmos lutar contra o egoísmo em nós,
daremos margem ao conflito, o que não traz
felicidade. É preciso observar o egoísmo sem criar a dualidade entre a
realidade do que é a idéia do que não deveria ser. Se apenas observarmos com
carinho e paciência, sem a idéia do que deveria ser, o egoísmo vai se
dissolvendo naturalmente, e, com ele, vai embora uma grande quantidade de
problemas. (...)"
(Marcos Resende - Sete dicas para a felicidade - Revista Sophia, Ano 11, nº 41 - p.5/7)
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