"(...) A verdade é a certeza daquilo que
é; ainda que tudo ao redor tenha o selo da impermanência, do
vir a ser; é o ponto imóvel que sustenta o movimento do mundo; é o refúgio bendito que nos ampara, quando o medo de existir parece calar a canção do coração; é o alento que brota quando a alma anseia pelo absoluto e o corpo não consegue encontrar refúgio nas coisas que o cercam.
A verdade é a força sagrada que rompe as barreiras que nos separam do mundo. É ela que permite ao homem a genuína experiência da solidariedade e da compaixão; é ela que nos faz sentir a dor do outro e amá-lo, apesar de todas as contradições que a razão possa enxergar nesse amor; é ela que nos permite realizar a experiência da liberdade, ainda que tudo ao redor nos aprisione e sufoque.
A religião invoca a manifestação do sagrado; a verdade sacraliza todas as manifestações da vida. A verdadeira religião está a serviço da verdade quando se detém na investigação e contemplação da beleza e do mistério do universo; quando enxerga a infinita potencialidade que se manifesta como a essência última de todos os seres viventes; quando consegue perceber a respeitar a grande teia da vida, em toda a sua diversidade e em sua sagrada unidade.
Onde está o templo que abriga a verdade? No olhar perplexo de uma criança que descobre o mundo; no olhar cansado do velho que enxerga as mesmas histórias contadas pelos novos tempos; na determinação da mão que ensina as primeiras letras; no calor dos braços que acolhem o irmão; nos gestos de amor e respeito; no pão que alimenta a vida; no gesto humano que resgata a dignidade do outro; no movimento do átomo; no voo de um beija-flor; na palavra que conforta e dá esperança; na maravilha dos elementos; na caverna do coração. (...)"
(Miriam Morata Novaes - A Verdade a serviço da Vida - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 16/17)
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