"É esta a situação que a humanidade criou para si.
Eliminou quase todas as antigas fontes de perigo, mas criou outras novas e
terríveis, que não pode controlar porque são impulsionadas pelo instinto animal
de sobrevivência. O próprio instinto de sobrevivência transformou-se em um
perigo. Assim, já que o que quer que façamos é fonte de perigo, podemos dizer
que a mente do homem chegou ao fim do caminho e não pode ir mais longe. Com a
evolução mental, e ante o desafio que lhe é apresentado nos dias de hoje, ela
se tornou impotente e obsoleta como força bruta.
Na situação atual, enfrentamos um novo estágio, no
qual o intelecto parece estar desamparado em face dos enormes desafios. Nessa
situação, algumas pessoas perguntam: que outros poderes a vida tem em si? Há
apenas o poder da mente, ou a vida, neste vasto processo, revela outros poderes
antes negligenciados? A mente do homem está tão encantada consigo mesma que
acreditou em sua invencibilidade e raramente enfrentou seriamente essa
questão. Naturalmente existiram alguns
indivíduos excepcionais que a examinaram com profundidade afim de descobrir se
a mente racional é tudo que pode mostrar como culminância de eras de evolução.
E, se a mente quer descobrir o que a vida vai revelar mais adiante, deve também
examinar a questão do desafio anterior, se realmente foi o da sobrevivência.
O homem adquiriu um ‘reflexo de sobrevivência’ de seu
passado e ainda não conseguiu livrar-se desta compulsão imaginária. Mas a vida
pressiona-o a buscar novos poderes da consciência que ainda estão ocultos nele
e que, em tempo, assumirão a liderança, assim como a mente triunfou sobre a
mera força física.
No Bhagavad-Gita,
Arjuna enfrenta um dilema doloroso – deve decidir lutar ou fugir. Parece uma
situação impossível porque sente que o que escolher estará errado. De um lado
seus instrutores, seus parentes a quem ama e com que agora deve lutar. Do outro
lado, há a lealdade a seu irmão e é preciso fazer o que for certo. E fica
desesperado ao debater-se com a necessidade de escolha. (...)"
(Radha Burnier - O desafio da vida - Revista Theosophia, Ano 103, Abril/Maio/Junho de 2014 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 7/11)
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