"A mente humana ampliou o sentido da sobrevivência
física e das necessidades básicas de alimento e abrigo. O homem não fica mais
satisfeito em meramente alimentar seu corpo; ele perdeu o instinto animal de
saber quando e quanto deve comer. O alimento tornou-se um grande problema e uma
fantástica indústria. O homem não se satisfaz mais com alguns bons alimentos,
anseia por uma infindável variedade. Estabelece restaurantes e hotéis que
preparam e apresentam os vários pratos que inventa e precisam acessórios e
recipientes de diferentes tipos e tamanho. As indústrias que os produzem criam
enorme organizações para direcionar a propaganda e a publicidade. Criam intensa
competição e os males que vê com ela. (...)
O vestuário também é necessário para o corpo, mas o
homem criou uma enorme esfera de atividades para materiais e tecidos; inventou
a moda e planeja ornamentos. (...)
O homem não está mais preocupado com a simples
perpetuação da espécie: sexo e alimento tornaram-se ‘experiências prazerosas’.
O prazer tornou-se uma ideia – um pensamento em sua mente. E porque é uma
ideia, o homem criou várias formas de prazer, e, uma vez mais, grandes
indústrias para alimentá-la, inclusive cinemas, danceterias e revistas.
No processo de buscar prazer, planejar diversões e
distrações não há alegria, porque a alegria somente existe na tranquilidade
interior. Assim, quando a mente está ansiosa para descobrir o prazer, quando
fica tensa nessa busca, perde a alegria que uma vida simples pode proporcionar.
O aumento das necessidades humanas é a principal fonte de conflito no mundo,
porque essas necessidades (que no início eram alimento, abrigo e sexo), agora
se tornaram ideias na mente e base de tensão e conflito. Em nível nacional,
levou a grandes guerras mundiais, ao protesto de populações, à crueldade e ao
sofrimento que temos testemunhado por décadas e séculos. Na vida pessoal, quem
não sofreu a dor causada por discussões entre irmãos, por amigos que caem fora,
por marido e mulher que se sentem isolados um do outro? (...)"
(Radha Burnier - O desafio da vida - Revista Theosophia, Ano 103, Abril/Maio/Junho de 2014 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 7/11)
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