"(...) Qual foi o resultado de tantos anos de investigação e análise da alma humana? O resultado não poderia ser mais surpreendente. As palavras que ele disse causaram assombro até para um ateu radical. Quando abriu a boca ao mundo, era de se esperar que Jesus Cristo condenasse e punisse com veemência a humanidade, pois detectou todos os seus defeitos. Todavia, eis que ele bradou com a mais alta eloquência palavras com doçura e brandura como ninguém jamais falou, nem antes nem depois dele. O perdão em sua boca virou uma arte; o amor se tornou poesia; a solidariedade, uma sinfonia; a mansidão, um manual de vida.
O mestre da vida, por amar intensamente o ser humano e perceber as falhas contínuas que permeavam sua alma, ao invés de tecer críticas às pessoas, acolheu calorosamente a todos. Sabia que o homem, em sua grande maioria, gostaria de ser paciente, gentil, solidário, amável, mas não tinha estrutura para submeter a energia emocional e o processo de construção de pensamentos ao pleno controle de sua vontade.
Compreendeu que o homem, apesar de ter capacidade de controlar o mundo à sua volta, não conseguia controlar o mundo dentro de si. Quando dizia aos seus discípulos que eles eram homens de pequena fé, muitas vezes não se referia a milagres sobrenaturais, mas ao maior de todos os 'milagres naturais' expresso pelo domínio do medo, da inveja, da ira, da ansiedade, da angústia, do desânimo.
Aquele que esquadrinhou o funcionamento da mente humana não considerou a humanidade um projeto falido, ao contrário, veio consertá-la de dentro para fora, veio trazer mecanismos para resgatá-la. Por isso, honrou e valorizou cada ser humano do jeito que ele é, na esperança de poder transformá-lo."
(Augusto Cury - O Mestre da Vida - Ed. Academia de Inteligência, São Paulo, 2001 - p. 212/213)
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