"A sabedoria que reside na alma é a melhor e mais
nobre música, porque nela há uma qualidade de harmonia presente apenas no
melhor tipo de música. Ela tem também o poder de produzir harmonia em todas as
nossas expressões e ações. A verdadeira sabedoria, enquanto distinta da assim
chamada sabedoria de vários tipos, é algo raro. (...) A pessoa pode reconhecer
o fato de não ter aptidão para a música, não ter inclinação para a matemática,
que é incapaz em muitos sentidos e que falhou de várias formas após ter sido
testada, mas, mesmo assim, acredita que tem a necessária sabedoria para avaliar
todos os assuntos inerentes à vida, e as suas opiniões são tão boas quanto as
de outro. Esta é uma forma de cegueira muito comum e que nos conduz para toda a
espécie de erro e de loucura.. É muito difícil escapar deste conhecimento
imaginário quando não sabemos como fazê-lo. Tudo isto aplica-se a todos nós e
não apenas a determinadas pessoas especiais que estão procurando algo remoto em
suas vidas. (...)
É importante a forma como nos examinamos. Existe uma
maneira de examinar que conduz à sabedoria, mas ela reside no desapego, na
tranquila aceitação da própria pessoa em seu estado de tranquilidade. H. P.
Blavatsky fala de examinar o eu inferior à luz do Eu Superior. Quando usamos as
palavras ‘o Eu Superior’, não sabemos o que vem a ser; a frase para nós tem um
significado muito reduzido na prática, mas isso não deveria ser assim.
Evidentemente ‘a Luz do Eu Superior’ significa objetivamente com serenidade,
sem qualquer tipo de condenação ou justificação próprias, uma tentativa
desapaixonada e objetiva de ver as coisas como são.
Todos nós que somos teosofistas deveríamos estar
constantemente examinando nossas próprias atitudes, motivos, a maneira como
falamos e agimos e todo o tipo de reações internas que se processam até mesmo
sem nosso conhecimento. É apenas desta maneira que podemos atingir a verdade ou
obter aquela transformação que é denominada a senda. Trilhar a senda significa
produzir uma mudança total, e isto pode ser realizado apenas através da própria
inteligência livre, do ser objetivo com relação a si mesmo, e de nenhuma outra
maneira. Para ser objetivo, torna-se necessário estar consciente de tudo que se
realiza interiormente. Se estivermos tão preocupados com nossas próprias ideias, vivendo de forma
sempre igual ou em um meio-sonho, naquele estado de ignorância que se diz ser a
felicidade perfeita, então nos separamos da corrente principal da vida e
estaremos fora de contato com a sua realidade. A senda é penosa de ser
trilhada, mas ela nos muda completamente, tornando a nossa vida diária uma
experiência totalmente diferente daquilo que costuma ser."
(N. Sri Ram - Em
Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 19/21)
Nenhum comentário:
Postar um comentário