"É
fácil imaginar que se possui determinadas virtudes e também minimizar as
próprias faltas até mesmo quando a vemos. A tendência seria de desculpar-se
dizendo que é humano ter estas falhas, naturais em nosso estágio, não mais as
considerando. É precisamente porque as pessoas não querem pôr de lado as suas
fraquezas favoritas que elas procuram um Pai celestial que lhes permitiria a
indulgência que desejam, salvando-as, finalmente, apesar delas próprias. Quando
vemos um erro em outra pessoa, podemos estar vendo-o através de uma lente de
aumento, mas quando encontramos a mesma fraqueza em nós mesmos, somos capazes
de olhar para ela por uma ótica diferente. Também aquilo que consideramos como
as nossas virtudes não podem ser virtudes, de forma alguma, mas meramente
possuir sua aparência. Um ser humano pode ser prestativo e agradável de vários
modos, e as pessoas podem pensar muito bem dele por isso, mas se forem
procurados os seus motivos, poder-se-á verificar que aquilo que o impulsiona a
ser tão agradável e adaptável brota de seu autointeresse. O homem precisa
dar-se com as pessoas, possivelmente para finalidades comerciais, ou ele pode
estar procurando uma vida fácil; será vantajoso conduzir-se na vida de forma a
mais suave e agradável possível. Mas este não é o tipo de amabilidade
autêntica. Para sermos genuinamente amáveis e gentis é preciso não ter motivos
de vantangem própria. Se o objetivo, até mesmo inconscientemente, for de
conquistar a boa opinião de alguém, mesmo se não for para obter vantagens materiais,
será o caso de conquistar uma posse para uso próprio.
A mente humana é excessivamente complexa. Conforme H.
P. Blavatsky observa no quinto volume da obra A Doutrina Secreta, ‘ a mente tem muitos mistérios’. Mesmo com a
nossa compreensão limitada, podemos perceber como são complexas as suas
engrenagens, e como é fácil autoiludir-se. Podem ter-nos dito que éramos
crianças que não devíamos enganar os outros, mas constantemente enganamos a nós
próprios. Enquanto assim fizermos, seguiremos caminhos que enganam os outros.
Toda a tendência para frustração, para aceitar ilusões prazerosas, precisa ser
extirpada da pessoa se há o interesse em ser cada vez mais verdadeiro."
(N. Sri Ram - Em
Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 136/138)
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