"Cada aspecto de nossa natureza, tanto o bem quanto o
mal, é exigido para a tarefa à nossa frente. Tal como o redirecionamento de
energia, todos os elementos dentro de nós devem ser transformados. Tanto os
vícios quanto as virtudes, dizem-nos, são ‘passos (que) compõem a escada’ por
meio da qual ascendemos ao mais elevado. Como diz o comentário: ‘Toda a
natureza do homem deve ser usada sabiamente por aquele que deseja entrar no
caminho’.
Um comentário assim devem ajudar-nos a compreender que
não devemos reprimir ou suprimir qualquer aspecto de nossa natureza que possa
ser indesejável. Pelo contrário, devemos trazer toda nossa natureza, inclusive
o complexo psicofísico, a personalidade, sob uma certa condição. Não podemos
negligenciar qualquer aspecto de nós mesmos sem, de alguma maneira, ferir o
todo. É toda a natureza que deve ser usada, e usada sabiamente para o propósito
que temos em vista. A repressão desses aspectos, particularmente de pensamentos
e sentimentos que não queremos reconhecer como pertencentes a nós, só pode
resultar em feridas dolorosas nos reinos kama-manásico,
ou mental-emocional, ou psicodinâmico. E chagas purulentas conseguem apenas
eclodir em violentos surtos de doença psíquica e até mesmo física.
Temos de perguntar a nós mesmos como podemos usar cada
aspecto nosso na busca do caminho. Demos a esse caminho o nome de caminho para
a iluminação, ou para a autorrealização, para a libertação da roda de
nascimentos e mortes; mas, mesmo definir o caminho que nos mandam buscar,
poderia indicar algum vestígio de autointeresse, um laivo de egoísmo em nossa
busca. Nossa meta pode muito bem estar além da denominação, ou daquilo que
imaginamos ser iluminação. Como podemos definir com palavras uma condição de
consciência com a qual estamos, no nosso atual estágio, totalmente
desfamiliarizados? Talvez isso possa ser melhor expresso nas palavras da
anotação: devemos ‘tentar aliviar um pouco o pesado karma do mundo’, dando a nossa ‘ajuda aos poucos braços fortes que
evitam que os poderes das trevas obtenham vitória completa’."
(Joy Mills - Buscai o caminho - Revista Theosophia, Ano
100, Julho/Agosto/Setembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica
no Brasil - p. 46/47).
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