"As pessoas profanas não compreendem o valor da vida espiritual. Frequentemente, caçoam do aspirante à espiritualidade e, às vezes, o ultrajam, tentando fazer-lhe injúrias. Mas, o religioso não reage a isso. Sua mente está fixada em Deus; portanto, sente a unidade, enxerga a ignorância e é misericordioso. Não importa que seja criticado ou injuriado; não lhe interessa agradar às pessoas profanas.
Conta-se a história de um monge em viagem que, cansado, repousou sob uma árvore. Não tendo travesseiro, arrumou alguns tijolos e neles descansou a cabeça. Algumas mulheres transitavam pelo caminho, indo apanhar água no rio. Vendo o monge em repouso, disseram entre si: 'Esse jovem tornou-se monge e ainda não consegue passar sem um travesseiro; usa tijolos em seu lugar!' Prosseguiram em seu caminho e o monge pensou: 'Têm razão de criticar-me' pondo de lado os tijolos, descansou a cabeça na terra. Logo depois, as mulheres voltaram e viram que os tijolos haviam sido postos de lado. Então exclamaram com desdém: Que belo tipo de monge! Ofendeu-se quando dissemos que usava travesseiro. Veja, agora - pôs fora o travesseiro!
O monge refletiu: 'Se uso travesseiro, criticam-me. Se deixo de usá-lo, também não lhes agrado. Impossível satisfazê-las. Deixe-me, pois, agradar apenas a Deus.'
Nenhum homem verdadeiramente espiritual age tendo em vista causar boa impressão aos outros ou buscando prestígio para si. Às vezes sente exatamente o oposto, ou seja, se por amor de Deus for preciso ficar contra o mundo inteiro, ele ficará - e ficará sozinho. Ele não se preocupa com o que os outros pensem dele.
Em geral, quando alguém fala mal de nós ou tenta ofender-nos, somos instintivamente levados a aplacar nosso ego, e não a agradar a Deus; e sentimos vontade de revidar. Mas, se nos entregarmos a esse desejo de revide - a ninguém mais causaremos danos a não ser a nós próprios; porque, quando irritados ou ressentidos, interrompemos nosso pensamento em Deus. Por isso, todos os grandes mestres espirituais têm ensinado, como Cristo, a não revidar, a não resistir ao mal - mas sim, a rezar por aqueles que nos insultam e perseguem.(...)"
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