"D: Como podem o nascimento e a morte ser ilusórios?
M: Ouça com atenção o que digo.
Quando a alma individual (jiva) é vencida pelo sono, o contexto do estado de vigília dá lugar a um novo contexto no sonho, de modo a reproduzir experiências passadas, ou então há a perda total de todas as coisas externas e atividades mentais. Da mesma forma, quando ela é subjugada pelo estado de coma antes da morte, o contexto presente é perdido, e a mente fica dormente. Isso é morte. Quando a mente retoma a reprodução de experiências passadas em novos ambientes, o fenômeno é denominado nascimento. O processo de nascimento inicia com o homem imaginando: 'Aqui está minha mãe; estou no seu útero; meu corpo possui estes membros'. Então ele se imagina nascido no mundo e, mais tarde, diz: 'Este é meu pai; sou seu filho, tenho tantos e tantos anos de idade; estes são meus amigos e parentes; esta bela casa é minha' e assim por diante. Esta série de novas ilusões começa com a perda das ilusões anteriores no estado de como antes da morte, e depende dos resultados de ações passadas.
A alma sobrepujada pelo irreal estado de coma anterior à morte, tem diferentes ilusões, de acordo com suas diferentes ações passadas. Após a morte, ela acredita: 'Aqui é o céu; é adorável, estou nele; sou agora um maravilhoso ser celestial; há tantas donzelas celestes encantadoras a meu serviço; tenho néctar para beber'; ou 'Eis a região da Morte; aqui está o Deus da Morte; estes são os mensageiros da Morte; oh, são tão cruéis - arremessam-me ao inferno!'; ou 'Eis a região dos Pitrs; ou de Brahma, ou de Vishnu ou de Shiva' - e assim por diante. Portanto, segundo a sua natureza, as tendências do karma passado apresentam-se como ilusões de nascimento, morte, passagem para o céu, para o inferno ou para outras regiões perante o Eu Real, que é sempre o imutável Espaço da Consciência. São apenas ilusões da mente - irreais.
No Ser do Espaço da Consciência existe o fenômeno do universo, como uma cidade celestial vista em pleno ar. É reputada como algo real, mas realmente não o é. É composta de nomes e formas, e não é nada além disso."
(Advaita Bodha Deepika - A Luz da Sabedoria Não Dualista - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 39/41)
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