"A objeção mais comum feita à teoria da reencarnação é
a seguinte: ’Por que não nos recordamos de nossas vidas passadas?’ É verdade
que, geralmente, não podemos nos lembrar de nenhum momento de nossas vidas
passadas, porém, em tudo aquilo que fazemos, nosso passado pode ser claramente
observado. Pode-se citar, como exemplos evidentes, as inclinações naturais de
cada ser, suas características peculiares, que os levam a se tornar grandes
músicos, artistas, matemáticos, etc., tão diversificadas que se torna
impossível catalogá-las. Alguém pode dizer: ‘Se eu tivesse tido a oportunidade
e me devotado a isso, poderia ter-me tornado tão grande quanto X’. Mas isso é
verdade? Não. A grandeza de X desenvolveu-se por meio de inúmeras vidas, pelo
exercício contínuo e persistente daquilo em que ele se distingue. Precisamos
nos desfazer da noção de que tal superioridade constitui-se um ‘talento’ ou
‘dom’. Esses ‘dons’, na verdade, são o resultado de uma boa semeadura ao longo
de muitas vidas, o fruto da colheita que, com o transcorrer do tempo, aquele
semeadura produziu.
Não se trata de um simples traço de caráter, um
maneirismo, mas toda uma história – muitas vezes uma história repleta de
eventos e interesse absorvente – cujos primórdios encontram-se num tempo tão
longínquo que o propósito de tentar descobri-los é vertiginoso. É esse conjunto
de hábitos, maneirismos e peculiaridades de nossas naturezas, o qual conhecemos
como ‘caráter’, que constitui nosso karma, o registro de todo o nosso passado,
a fonte e a origem de todos os prazeres e sofrimentos que experienciamos.
Assim, obtemos uma diversidade multiforme, embora cada pessoa possua um caráter
que lhe é próprio, individual. E assim permanecerá até o fim, pois ninguém pode
mudar sua natureza, embora continuemos a evoluir internamente." (...)
(Virginia
Hanson e Rosemarie Stewart - Karma (A Lei da Harmomia) – Ed. Pensamento, Rio de
Janeiro, 1991 - p. 94/95)
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