terça-feira, 10 de junho de 2014

TRABALHANDO A COMPAIXÃO

"É preciso compreender que a afeição de que falo é gratuita, praticada sem intenção de receber algo em troca. Não é uma questão de sentimento. Da mesma forma, dizemos que a verdadeira compaixão é livre de vinculações. É preciso atenção para este princípio, pois vai de encontro à nossa maneira habitual de pensar. Não é este ou aquele caso em especial que estimula a nossa piedade. Não escolhemos esta ou aquela pessoa como objetivo de nossa compaixão. A compaixão é despertada espontaneamente, é incondicional, sem qualquer expectativa de receber algo em troca. E é de alcance universal.

Sentir compaixão não é o bastante. É preciso agir. A ação pressupõe dois momentos: o primeiro é quando vencemos as distorções e aflições de nossa própria mente, aplacando ou até mesmo nos livrando da raiva. Este momento é fruto da compaixão. O segundo é de caráter social, de âmbito público. Quando alguma atitude precisa ser tomada para corrigir erros neste mundo e a pessoa está sinceramente preocupada com seus semelhantes, então tem de se engajar, se envolver.

Se você aprofunda a sua prática espiritual dando ênfase à sabedoria e à compaixão, torna-se cada vez mais suscetível ao sofrimento de seus semelhantes e desenvolve a capacidade de reconhecer o sofrimento alheio, de reagir a esse sofrimento e de sentir uma profunda compaixão em vez de apatia ou impotência."

(Sua Santidade o Dalai-Lama - O Caminho da Tranquilidade – Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2000 - p. 26/27)


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