"É preciso compreender que a afeição de que falo é
gratuita, praticada sem intenção de receber algo em troca. Não é uma questão de
sentimento. Da mesma forma, dizemos que a verdadeira compaixão é livre de
vinculações. É preciso atenção para este princípio, pois vai de encontro à
nossa maneira habitual de pensar. Não é este ou aquele caso em especial que
estimula a nossa piedade. Não escolhemos esta ou aquela pessoa como objetivo de
nossa compaixão. A compaixão é despertada espontaneamente, é incondicional, sem
qualquer expectativa de receber algo em troca. E é de alcance universal.
Sentir compaixão não é o bastante. É preciso agir. A
ação pressupõe dois momentos: o primeiro é quando vencemos as distorções e
aflições de nossa própria mente, aplacando ou até mesmo nos livrando da raiva.
Este momento é fruto da compaixão. O segundo é de caráter social, de âmbito
público. Quando alguma atitude precisa ser tomada para corrigir erros neste
mundo e a pessoa está sinceramente preocupada com seus semelhantes, então tem
de se engajar, se envolver.
Se você aprofunda a sua prática espiritual dando
ênfase à sabedoria e à compaixão, torna-se cada vez mais suscetível ao
sofrimento de seus semelhantes e desenvolve a capacidade de reconhecer o
sofrimento alheio, de reagir a esse sofrimento e de sentir uma profunda
compaixão em vez de apatia ou impotência."
(Sua Santidade o
Dalai-Lama - O Caminho da Tranquilidade – Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2000 -
p. 26/27)
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