O prarabdha é também de dois tipos: as ações que, devido às circunstâncias presentes, podem dar frutos ainda nesta vida; e aquelas que, conhecidas como para-rabdha-karma, são mantidas em estado de latência até que ocasiões mais favoráveis lhe possibilitem a fruição. O karma de uma pessoa pode prever, por exemplo, que ela se afogará no mar - ou então será salva do acidente. Contudo, se ela nunca se aproximar da praia e, assim, não der ensejo ao afogamento, esse karma específico terá de aguardar outra vida para concretizar-se.
Às vezes. um karma negativo é adiado ou mesmo compensado por um karma contrário. Uma tentação irresistível, por exemplo, pode ser anulada por uma força interior recém-adquirida. Períodos kármicos também passam ou são dissipados por ações opostas. Um fracasso karmicamente 'previsto' frequentemente é desviado quando a pessoa acumula energias novas e criativas ou, então, adquire sabedoria para redefinir o golpe como oportunidade e não como revés.
Um mau karma pode agigantar-se diante da pessoa como um dragão ameaçador; mas se ela consegue achar meios de desviar o golpe ou proteger-se (por exemplo, abrir um guarda-chuva quando começa a chover), ainda que o golpe seja desferido, o desastre é evitado. Podemos fazer também, é claro, como o São Jorge da lenda: liquidar o dragão. O certo é que nenhuma ameaça de infortúnio deve ser aceita com resignação indolente! Uma vontade poderosa consegue superar, ou no mínimo mitigar, praticamente todas as desventuras que rondam nossos passos.
O mau karma pode, por exemplo, invadir uma aura frágil, mas nunca uma aura forte, na qual o dano porventura infligido será prontamente minimizado. (...) As consequências kármicas são inevitáveis, mas o modo como são recebidas depende de inúmeras circunstâncias, a maioria geradas pela própria pessoa. (...)"
(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramahansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 210/212)
Nenhum comentário:
Postar um comentário