"O porquê da existência do mal neste mundo é uma
pergunta difícil de responder. Só posso lhes oferecer o que poderia chamar de
resposta de um aldeão. Se existe o bem, deve haver também o mal, assim como
onde existe a luz também haverá escuridão. Isso, porém, somente é verdade no
que concerne a nós, seres humanos mortais. Perante Deus não há o bem nem o mal.
Podemos falar de sua relação em termos humanos, mas nossa linguagem não é a de
Deus.
Não posso justificar a existência do mal por meio de
qualquer método racional. Querer fazê-lo é tentar ser equivalente a Deus. Sou,
portanto, suficientemente humilde para reconhecer o mal como tal. E considero
Deus paciente e resignado justamente por Ele permitir o mal em nosso mundo. Sei
que não há mal dentro dEle, mas, ao mesmo tempo se o mal existe, ele é o autor
disso e, mesmo assim é intocado por ele.
A distinção entre pensamentos bons e ruins não é
desprovida de importância. Essas reflexões também não aparecem de modo
aleatório. Elas seguem alguma lei que as escrituras tentam enunciar. (...)
A mão de Deus está por trás do bem, mas não somente
atrás dele. Na verdade, sua mão também está por trás do mal, que, neste caso,
já não é mais mal. Ambos representam meramente a imperfeição de nossa
linguagem, afinal, Deus está acima do bem e do mal.
Somos nós, seres humanos, que entretemos pensamentos,
e também somos nós que o repelimos. Temos, portanto, de lutar contra eles
mesmos. As Escrituras afirmam que existe um duelo no mundo. Esse duelo é
imaginário, não real. Podemos, entretanto, sustentar a nós mesmos nesse mundo
ao assumir que esse combate seja real."
(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São Paulo, 2014 - p.38/39)
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