"Perguntaram-me o verdadeiro significado do pecado. No
sentido em que essa palavra em geral é usada, pelo menos por sacerdotes
cristãos, penso que o pecado não passa de invenção da imaginação teológica.
Popularmente, o pecado indica um desafio à lei divina – a realização de alguma
ação cujo autor sabe ser errada. É extremamente duvidoso que esse fenômeno, de
fato, exista. Em praticamente todos os casos imagináveis, o homem quebra a lei
por ignorância ou negligência e não pela intenção deliberada. Quando um homem,
em realidade, conhece e vê a intenção divina, inevitavelmente se harmoniza com
ela por duas razões: primeiro porque percebe a total futilidade de uma ação
contrária e, mais tarde, porque, ao ver a glória e beleza do plano, nada mais
deseja fazer a não ser dedicar-se com todos os poderes de seu coração e de sua
alma à sua realização.
De todas as concepções erradas que herdamos das idades
negras, uma das mais sérias é a ideia de ‘pecado’ como uma perversidade a ser
punida e brutalmente perseguida. Na verdade, o pecado é resultado de
ignorância, que só se supera pela educação e esclarecimento. Alguém poderá
discordar dizendo que, na vida diária, as pessoas fazem a todo momento e conscientemente
coisas erradas, todavia esse é um argumento falso. Elas estão fazendo que lhes
disseram que é errada, o que é bem diferente. Quando alguém sabe, de verdade,
que uma ação é errada e que, inevitavelmente, será seguida por más
consequências, evita-a com cuidado. Todos sabem que o fogo queima, por isso ninguém põe a mão nele. Quem age
errado justifica o erro para si mesmo no momento da ação, não importa o que
venha a pensar depois com mais calma. Por conseguinte, afirmo que o pecado,
como normalmente o entendemos, é invenção da imaginação teológica; o que existe,
na verdade, é uma condição infeliz que leva frequentemente à infração da Lei
divina. Temos o dever de lutar para dissipar essa ignorância com a luz da
teosofia."
(C. W.
Leadbeater - A Vida Interna - Ed. Teosófica, Brasília, 1996 - p. 94)
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