"(...) Mas, profundamente no homem, há uma natureza
que não sofre do jogo de opostos – esta é uma distinção fundamental entre
aquela natureza que pode ser chamada espiritual e a natureza nele atualmente
tão evidente que se modela no jogo de forças no campo da matéria. A natureza
humana que reflete a mente do homem, como a vemos pode ser governada pelas leis
da matéria, da ação, que é de fato reação, ou ela pode refletir a natureza do
Espírito. Essas são as duas possibilidades. Uma delas vivenciamos na nossa
ignorância, mas há também a outra possibilidade que torna a vida totalmente
diferente para aquele que a compreende.
Os opostos na natureza têm o seu lugar, mas existem
também os opostos aparentes que são na verdade complementares, como masculino e
feminino, forças positivas e negativas, emoção e intelecto, terra e céu.
Espírito e matéria constituem um par deste tipo. São opostos enquanto a
verdadeira relação entre eles não for percebida, e as forças que representam
não estiverem harmonizadas naquela natureza do homem que tem algo de ambos.
Quando aquela natureza torna-se harmonizada, ela age com um equilíbrio que é
uma mescla de opostos aparentes. Por exemplo, pode existir em alguém uma mescla
perfeita de força e de afabilidade, embora cada uma dessas qualidades pareça
muito diferente uma da outra. A natureza em que se mesclam perfeitamente é a
natureza espiritual.
Quando usamos a palavra ‘espiritual’, não deveria
haver qualquer noção fantasiosa sobre ela. Ela não significa algo distanciado
da vida, aberto a diferentes interpretações por mentes diferentes. Refere-se a
algo que existe de forma absoluta. Pode-se saber do que se trata apenas através
das qualidades que manifesta. Para obter a verdadeira compreensão de algo, será
necessário olhar para os fatos envolvidos, evitando ideias que são meras
projeções a partir de uma base de ignorância. (...)"
(N. Sri Ram - Em
busca da Sabedoria – Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p.32/39)
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