À medida que avança nessa desidentificação, o homem vai se tornando cada vez mais invulnerável aos acontecimentos, às coisas, aos fatos e às pessoas.
Um imaturo vai ao cinema e goza e sofre, respectivamente, com as vitórias e derrotas do herói ao qual se identifica. Seus nervos, glândulas e vísceras são sacudidos pelos acontecimentos do mundo mítico criado pela fita. Uma pessoa de espírito crítico e amadurecido, conhecedora da técnica e arte cinematográficas, sabe 'dar o desconto', e assiste ao filme, dizendo para si mesmo: 'não é comigo'; 'eu não sou aquele personagem'; 'tudo isso é ilusão'.
O mundo que nos rodeia só é realidade na medida em que nos identificamos com ele, pois nos impõe dor ou prazer, pesar ou alegria, confiança ou medo... Desde que conheçamos o que é realmente o mundo, começaremos a sentir a equanimidade do espectador de mentalidade evoluída, sem sofrer nem gozar, sem tentar fugir ou buscar, sem medo, sem ódio e sem tédio."
(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 159/160)
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