"(...) Algumas tradições antigas postulavam que o universo
era regido por leis e que a natureza, com suas leis rígidas, impunha aos seres
humanos uma espécie de escravidão. Do ponto de vista filosófico e espiritual,
não há nada de novo a respeito da questão do determinismo versus livre-arbítrio. Nenhuma luz radicalmente nova foi lançada sobre
ela com o desenvolvimento da mecânica quântica. O determinismo de um efeito que
resulta de uma causa é uma noção que é parte integrante do conceito de lei. Se
existe lei, existe determinismo.
Mas é importante que seja enfatizado que, precisamente
porque existe a lei, existe a possibilidade de liberdade. Uma lei pressupõe a
existência de um preço a ser pago para que se consiga a libertação das
condições que ela impõe. É muito romântico imaginar que podemos adquirir
imortalidade, salvação ou liberdade para nossa alma sem pagar o preço cobrado
pela lei que nos mantém natural e legalmente acorrentados. Mas as viagens
espaciais teriam sido impossíveis sem a compreensão da lei da gravitação
universal, que nos mantém presos a Terra. Para viajarmos pelo espaço precisamos
calcular com precisão a velocidade de escape que é necessária para vencer o
efeito da lei de gravidade, e precisamos ter o combustível e a tecnologia
adequados para adquirir essa velocidade.
Mas certamente, em todas as partes do mundo, pode-se encontrar
alguma forma de religião que vende indulgências baratas, físicas ou
doutrinárias, para assegurar àqueles que são crédulos que foram especialmente
escolhidos para a graça agora e para a glória por todo o sempre. (...)"
(Ravi Ravindra - A conquista da Liberdade - Revista Sophia, Ano 8, nº 32 - p.10/12)
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