"A prece verdadeira é um escudo absoluto e uma
proteção contra... o mal. Todavia, o sucesso nem sempre responde aos nossos
primeiros esforços na forma de preces fervorosas. Temos de lutar contra nós
mesmos; temos de acreditar apesar de nós mesmos, pois os meses são como os
anos. Se quisermos perceber a eficácia de nossas orações temos de cultivar a
paciência ilimitável. Haverá momentos de escuridão, desapontamento e coisas
piores; mas precisamos ter a coragem suficiente de batalhar contra tudo isso e
de não sucumbir à covardia. Não existem recuos para os homens que rezam. Do
mesmo modo como uma semente semeada apenas dará frutos na época correta, também
poderá demorar algum tempo até que suas preces venham do coração. Se, porém, o
desejo de ter Deus no coração de fato estiver lá, o progresso, mesmo que lento,
certamente ocorrerá. O homem não pode ser transformado e se tornar bom da noite
para o dia. Deus não faz mágicas. Ele também acata as próprias leis. Sua lei,
entretanto, é diferente das leis mundanas. Estas podem cometer erros, mas Deus
não pode se equivocar. Se ele próprio excedesse o limite de suas regras o mundo
estaria perdido. Ele não muda por si mesmo, tampouco é mutável ou igualável.
Ele é o mesmo que foi ontem, e continuará sendo hoje e para sempre. Sua lei
está escrita nos corações humanos. Homens e mulheres somente conseguirão mudar
se tiverem o desejo de se transformar e se estiverem preparados para empreender
esforços contínuos nesse sentido.(...)
Acredito que a prece seja a própria alma e a essência
da religião e que, portanto, ela deva estar no âmago da vida do homem. (...)
Assim, comece seu dia com uma prece e faça-a com a
força de sua alma para que ela permaneça com você até o final do dia. Encerre o
dia com uma oração para garantir uma noite tranquila, longe de sonhos e
pesadelos. Não se preocupe com a forma de suas preces. Deixe que ela flua
livremente; o objetivo dela é nos colocar em contato com o divino. Apenas não
permita que o espírito vague por aí enquanto as palavras saem de sua boca."
(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São Paulo, 2014 - p.69/71)
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