"Ao trilhar o caminho espiritual precisamos de
equilíbrio. Pode-se dizer até mesmo que precisamos de equilíbrio perfeito.
Somente o equilíbrio interior dá perspectiva às coisas e permite agir de
maneira correta. O Bhagavad Gita
afirma que equilíbrio é ioga. Sem equilíbrio a percepção não é clara, portanto,
muitas coisas dão errado. Os Upanishades
falam da senda do fio da navalha; a Bíblia menciona o caminho reto e estreito.
Tudo isso sugere a mesma ideia.
Mesmo na prática da virtude deve haver equilíbrio.
Levada ao excesso, a virtude deixa de ser virtude. Imagine uma pessoa tão
generosa que dá tudo o que possui, ficando sem ter com o que sobreviver. Ela se
tornará um fardo para os outros. A generosidade tem que ser combinada com bom senso.
O equilíbrio está em não pender para um lado ou para o
outro. Como diz o Bhagavad Gita, o
sábio de mente estável não é sacudido nem abalado; não é atraído nem repelido
por coisa alguma. Ele está sempre voltado profundamente para dentro de si; é
pacífico e imperturbável.
Nos Yoga Sutras
contam que o apego (raga) e a repulsa
(dvesha) são as causas primárias da
miséria. O problema está dentro do indivíduo, não fora. A vida espiritual
começa quando cessa a atração por objetos e prazeres. (...)
A consciência do homem comum está focada na noção de
dualidade: o que é agradável e o que não o é. Isso nos deixa confusos e
abalados. Mas a consciência equilibrada permanece em um nível profundo, onde
tudo é conhecido como parte do todo. Esse é o nível da verdade, onde não há nem
o real nem o irreal, nem o bem nem o mal. O que é verdadeiro é bom. A
totalidade está além de todas as divisões."
(Radha Burnier -
Equilíbrio Interior - Revista Sophia, ano 5, nº 19 – Pub. da Ed. Teosófica,
Brasília - p. 27)
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