"Observe suas motivações em tudo o que fizer. Tanto o guloso quanto o iogue precisam comer. Mas você diria que comer é pecado só porque muitas vezes está associado à gula! Não. O pecado está no pensamento, na motivação. O homem mundano come para satisfazer a gula, e o iogue para manter a saúde do corpo; aqui há uma diferença enorme. Da mesma forma, um homem pode cometer um assassinato e ser enforcado por isso; outro pode matar muitos seres humanos no campo de batalha, defendendo seu país, e ser condecorado. Novamente, é a motivação que faz a diferença. Os moralistas criam regras absolutas, mas eu dou ilustrações para mostrar que se pode viver neste mundo de relatividade com autocontrole dos sentimentos, mas sem se tornar um robô.
O Mestre costumava dar o seguinte exemplo: 'Suponha que alguém me peça emprestado o bom binóculo que possuo garantindo que o devolverá em quinze dias mas, passado o prazo, não o devolva. Quando pergunto onde está o binóculo, ele me responde: 'O senhor é um mestre, mas está apegado a um binóculo!' Eu não o emprestaria de novo a esta pessoa. Outra pessoa também pede o binóculo emprestado dizendo que vai devolvê-lo em perfeito estado. É gentil e cuidadoso, demonstra consideração e devolve o binóculo como prometeu. É claro que eu o emprestaria novamente a ela. Não é que me preocupe tanto assim com o binóculo, mas se algo me pertence, é meu dever cuidar dele para que continue a ser útil. A segunda pessoa entendeu que eu cuidava do binóculo para que pudesse servir a outras pessoas além dela. A primeira pessoa não entendeu meus motivos, assim privando, a mim e a todos os outros que pudessem precisar do binóculo, do seu uso. Eu não queria o binóculo só para mim, pensava nele para todos.
O desprendimento traz grande felicidade e liberdade interior. Já dei todas as coisas de que mais gostava, pois assim desfrutei delas por intermédio da alegria alheia. A alegria que tenho em tudo o que faço é impessoal, não egocêntrica. Ancora-se na alegria divina e no fato de fazer os outros felizes.
(...) É este tipo de liberdade que Patânjali quer que você tenha, para que seja sempre um deus: soberano absoluto do reino da consciência, sem permitir que as forças das trevas entrem em seu paraíso portátil. 'Pelas barras de ferro da minha mente nenhum mal ousa aventurar-se.'"
(
Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 228/229)
http://www.omnisciencia.com.br/romance-com-deus.html
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