"(...) É a mente de grande amplitude que é capaz de interesse profundo. A mente sem amplitude é mente rasa ou superficial. Ter amplitude é ter profundidade para poder receber e reter as influências e os impulsos da vida. A mente rasa recebe pouco e, portanto, também dá muito pouco à vida. Quando o recebimento é escasso, a doação também é pequena, desprovida de toda generosidade.
É possível criar-se profundidade na mente? A falta de profundidade é certamente a principal dificuldade subjetiva, levando as desvantagens objetivas a assumirem grandes proporções. Pode haver um céu objetivo, mas se não houver profundidade subjetiva, ele não terá utilidade. As influências desse céu não podem verter suas riquezas numa mente rasa. O problema prático para todo aspirante espiritual é, pois, a criação dessa profundidade ou espaço na mente. Como podem as influências dos Mestres ou a Verdade verter suas riquezas numa mente acanhada? Se for criado um espaço na mente, então a vida terá momentos profundos de experiências diariamente. Mesmo a rotina diária e os pequenos detalhes da vida parecerão significativos e com uma nova luz. Tornar-se-ão correntes e regatos, trazendo ricos tesouros para serem vertidos no mar. O mar, com sua enorme profundidade, abarcará a todos, e mais ainda.
Como criar este espaço na mente, para que o seu contato com a vida possa ser profundo e duradouro? Devemos lembrar que não é tão somente aumentando nossos pontos de contato com a vida, que esta profundidade pode ser criada. Não é por uma aproximação quantitativa, mas tão só por uma transformação qualitativa, que se tornará possível um profundo contato com a vida.
Porém para criar esse espaço na mente, é preciso que ela não tenha em si nenhum elemento de resistência, tanto no nível consciente como no inconsciente. Se a mente resistir, perderá a sua flexibilidade e destarte se tornará insensível. A fim de compreender a profundeza da mente, precisamos observar o profundo silêncio que desce sobre a Natureza após uma violenta tespestade. O silêncio que se segue à tormenta pode ser experimentado no pico da montanha ou nas profundezas de um vale, à beira do mar ou nas planícies. Quando a tempestade ruge, temos a impressão de que tudo vai ser destroçado sob o seu fascínio esmagador. E, contudo, depois da tempestade, pode-se ver uma limpeza completa na Natureza, uma purificação da atmosfera, um frescor e um silêncio profundos e vibrantes. As folhas e os galhos mortos são lançados fora, e parece que houve uma completa renovação da Natureza. (...)"
(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 14/16)
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