"Aqueles que leram a Voz do Silêncio saberão que esta obra consiste em três tratados que
transmitem a essência do pensamento Mahayânico
de uma forma muito clara. Estão agrupados em forma de discursos, nos quais o
aluno pede orientação e luz ao instrutor, e este fala ao aluno sobre os
objetivos da senda, as várias virtudes a serem desenvolvidas, as fraquezas a
serem evitadas, e as verdades relacionadas a tudo isto. O instrutor também
esclarece que ele pode apenas apontar o caminho, ele não pode conduzir o aluno
até o destino pretendido. O aluno terá de usar a sua própria inteligência a
cada passo, reunir todas as energias de sua natureza, e aplicar-se seriamente à
tarefa. Se fosse meramente uma questão de encontrar um instrutor que conduzisse
a pessoa até o objetivo adequado, a dificuldade residiria apenas em encontrar a
pessoa certa, e assim o aluno não teria responsabilidade alguma. Mas não é este
o caso. O discípulo terá de realizar a viagem por ele próprio, enfrentando
todas as dificuldades, guiado pela sua própria compreensão.
De acordo com estes preceitos, das dez coisas a serem
feitas uma importante entre elas é o encontro de um instrutor cuja influência
de sua personalidade e conhecimento possa ser inestimável, se o aluno dela
puder beneficiar-se. Diz-se: ‘vincule-se a um preceptor religioso dotado de
poder espiritual e de sabedoria total.’ De que maneira podemos encontrar uma
pessoa assim? Para começar deve-se compreender o que significa ‘poder
espiritual’. Não é a habilidade de produzir truques fenomênicos ou milagres. A
espiritualidade nada tem a ver com tais manipulações psíquicas. A questão então
de como distinguir entre um instrutor falso – e destes deve haver grande
variedade – e um verdadeiro. Diz o livro: ‘para evitar o erro na escolha de um
guru, o discípulo precisa ter conhecimento de suas próprias falhas e virtudes’.
Não significa que você terá de encontrar primeiramente o guru e então ele lhe
dirá suas faltas e méritos. Deve haver uma medida de autopercepção e de
discriminação dela resultante, a fim de reconhecer o verdadeiro instrutor
quando o encontrarmos, e não ser atraído por alguém que consegue ter seguidores
por apelar para suas fraquezas e divertir-se com sua imaturidade."
(N. Sri Ram - Em
Busca da Sabedoria – Ed. Teosófica, Brasília, 1991- p. 135/136)
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