"De acordo com a karma
yoga, uma ação não pode ser destruída enquanto não der frutos; nenhum poder
na natureza pode impedir seus resultados. Se pratico o mal, terei de sofrer por
isso; não há poder no universo capaz de deter ou interromper isso. Se pratico
uma boa ação, não há poder no universo que impeça seus bons resultados.
Obrigatoriamente a causa produz o efeito. Nada pode prevenir ou impedir isso.
Chegamos agora a um ponto muito delicado e importante
da karma yoga; nossas ações, boas ou
más, estão intimamente relacionadas umas às outras. Não podemos traçar uma
linha demarcatória e afirmar que essa ação é completamente boa e a outra,
completamente má. Não existe ação que não produza bons e maus frutos ao mesmo
tempo. (...)
O que se pode concluir disso? Por mais que tentemos,
não pode existir ação perfeitamente pura ou perfeitamente impura, considerando
pureza e impureza no sentido de prejudicar ou não prejudicar os outros. Não
podemos respirar ou viver sem causar algum mal, e cada porção de alimento que
ingerimos é tirado da boca de outra pessoa. Nossas próprias vidas estão
pressionando outras vidas. Pode ser a de homem, animais ou alguns pequenos
micróbios, mas forçosamente barramos algumas formas de vida. Sendo assim,
concluímos realisticamente que a perfeição não pode jamais ser obtida pela
ação. Podemos agir por toda a eternidade sem encontrarmos a saída desse
complicado labirinto. Você pode agir incessantemente, porém essa inevitável
combinação de bem e mal que resulta da ação, jamais terminará.
(...) Vimos que quando ajudamos o mundo, ajudamos a
nós mesmos. O que fazemos em benefício dos outros tem como principal
consequência a nossa purificação. Ao esforçar-nos constantemente para fazer o
bem, tentamos esquecer-nos de nós mesmos. Esquecer o self é a grande lição que precisamos aprender na vida. (...) Cada
ato de caridade, cada pensamento de compaixão, cada ajuda que prestamos, cada
boa ação reduz bastante a arrogância do nosso pequeno self, pois faz com que nos consideremos criaturas mais modestas e
insignificantes, o que é muito bom."
(Swami Vivekananda - O que é Religião - Lótus do Saber
Editora, Rio de Janeiro, 2004 - p. 230/233)
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