Somente
Brahman é realmente o Universo. Aquele que conhece esse Brahman, o supremo e o
Imortal, oculto na cavidade do coração, desfaz aqui mesmo o nó da ignorância.
"Desfazer o nó da ignorância é chegar ao conhecimento
superior, chegar até Para Vidya.
Enquanto olha para a imagem de um espelho, aquele que vê também a pessoa que
lançou a imagem, conhece a criação e também o Criador presente na criação. Ver
o Criador na criação é, de fato, chegar ao conhecimento superior. Aquele que vê
somente a criação está perdido em Apara
Vidya, e será enredado nos problemas da criação. (...) O Criador pode ser
encontrado em cada ponto da criação. Para indicar isso, o Instrutor diz que Ele
está ‘oculto na cavidade do coração’. A palavra cavidade indica aquilo que é
imperceptível. Precisamos de extraordinária sensibilidade para ver o Criador na
criação, pois, embora manifesto ele está oculto. O Upanixade Mundaka O descreve
como ‘movendo-se em segredo’.
Para Vidya é de fato conhecimento esotérico assim como Apara Vidya é conhecimento exotérico.
Mas esotérico não é algo mantido em segredo pelo homem. Paradoxalmente, o
segredo jaz no aberto, o esotérico está sempre exposto ao olhar de qualquer um.
Está ali para vermos, mas é a cegueira do homem que o impede de ver aquilo que
está na sua frente. Essa cegueira não se deve a algum defeito orgânico. Diz-se
que não há ninguém tão cego quanto aquele que não quer ver! A cegueira do homem
é dessa natureza. Nenhum homem pode afastar o esotérico do olhar do outro.
Aquele que não pode ver o esotérico fechou seus
próprios olhos, o homem volta suas costas à luz e grita que está escuro! O conhecimento exotérico é o
conhecimento da criação, mas o esotérico é o conhecimento do criador
imperceptivelmente presente na criação. Esse é o significado de Brahman
‘morando na cavidade do coração’. Ao olhar superficial, Brahman é invisível;
mas aquele que traz uma dimensão de profundidade à sua percepção, vê o Criador
sentado no coração de sua criação."
(Rohit Mehta - O
chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 125)
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