"A compaixão é a base para se viver como um verdadeiro
ser humano. O que geralmente consideramos viver é apenas uma parte mecânica da
vida, que deve ser entendida como um terreno onde a compaixão nasça, é nutrida
e floresce, levando o ser humano à plenitude de seu potencial.
A palavra compaixão sugere um sentimento apaixonado
por aquilo com que se entra em contato. Mas o que quer dizer com um sentimento
apaixonado? Ele surge da unidade de que falamos ao contemplar a Teosofia. Essa
unidade não é apenas mental, nem apenas sentimental, por mais profunda que
possa parecer. É, na verdade, uma percepção que inclui tudo, que faz a pessoa
compreender as necessidades do outro, mesmo que o outro não compreenda a sua
própria vida. É uma paixão, não simplesmente um sentimento. Os sentimentos
podem ser superficiais e mudar de tempo em tempos; essa é a sua natureza. Mas a
paixão que trabalha por todas as pessoas e coisas, e através delas, é algo que
nunca muda. Ela busca o progresso e a perfeição de todos os seres.
Progresso e perfeição têm a ver não apenas com o lado
físico se mecânico de um indivíduo, mas com o senso de unidade que surge das profundezas e exige que todos
desfrutem a felicidade e beatitude. Portanto, a compaixão busca não apenas a
satisfação das necessidades físicas, emocionais e intelectuais, mas exige uma
visão ampla e clara do crescimento de cada pessoa. Em conformidade com essa
visão, cada indivíduo crescerá e florescerá segundo sua própria natureza, mas
em unidade com a natureza dos outros. Certamente isso torna o todo muito maior
do que suas partes. O todo é inimaginavelmente belo, mostrando diferentes
facetas em diferentes momentos. O atingimento dessa unidade é parte do destino
humano. Quando ela é alcançada, do ponto de vista da evolução, o homem
verdadeiramente se torna o que se deve ser."
(Radha Burnier -
Compaixão: a base para a paz - Revista Sophia, ano 12, nº 48 – Pub. da Ed.
Teosófica, Brasília - p.21/22)
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