"Existem muitos casos, em nossa experiência diária,
nos quais parece surgir conflito de deveres. Um dever chama-nos numa direção,
outro noutra. Então ficamos perplexos quanto ao Dharma, tal como ficou Arjuna na batalha de Kurukshetra.
Estas são algumas das dificuldades da Vida Superior,
os testes da Consciência em evolução. Não é muito difícil cumprir o dever que é
claro e simples. É provável que aí não ocorra erro. Mas quando o caminho da
ação torna-se emaranhado e duvidoso, quando não conseguimos ver, como então
iremos trilhá-lo através das trevas? Sabemos de alguns perigos que obnubilam a
razão e a visão, e dificultam distinguir o dever. Nossas personalidades são os
nossos inimigos sempre presentes, aquele eu inferior que se veste de centenas
de formas diferentes, que às vezes põe a mesma máscara do Dharma, e assim evita que reconheçamos que, ao segui-lo, estaremos
seguindo o caminho do desejo e não o do dever. Como podemos então distinguir
quando a personalidade nos está controlando, e quando o dever nos direciona?
Como saberemos quando estamos sendo afastados do caminho, quando a própria
atmosfera da personalidade que nos envolve distorce o objeto além de si pelo
desejo e pela paixão?
Em provações assim não conheço maneira mais segura do
que nos retirarmos em silêncio para a câmara do coração, para tentar pôr de
lado os desejos pessoais, e por um instante nos esforçarmos em afastar da
personalidade o nosso Ser, e olharmos para a questão numa luz mais ampla, mais
clara, orando ao nosso Gurudeva¹ para que nos oriente; então, sob essa luz podemos conquistar, por meio da
oração, da autoanálise, e da meditação, o direito de escolher o caminho que nos
pareça ser o do dever. (...)"
¹. Gurudeva, Literalmente: “Maestro Divino”. (Conforme Glossário Teosófico) grifo nosso.
(Annie Besant -
As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 70)
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