"(...) O entusiasmo por alguma coisa emana de uma condição de profundo interesse. Não se deve também confundir entusiasmo com simples excitação. Esta não possui profundidade e, portanto, não pode sustentar-se. Necessita ser constantemente alimentada pelas sensações do mundo externo. Porém o entusiasmo, arraigado no interesse profundo, tira sua força da própria profundiade. A mente capaz de um interesse profundo não conhece momentos de obscuridade e não se intimida com obstáculos, por maiores que sejam.
A dificuldade para a maior parte de nós é que vivemos nossas vidas num nível demasiado superficial; nossos pensamentos e emoções são extremamente rasos. Esta tendência para a superficialidade aumentou enormemente nos últimos tempos devido a uma primazia indevida dada à rapidez. Nossa civilização está num estado de precipitação terrível - embora não saiba para onde corre tanto! Ora, uma vida supercial tem constante necessidade de excitações, sejam materiais ou espirituais. Há um anseio por mais e mais excitações, sensações e entretenimentos. Vê-se hoje em todos os níveis da existência humana, esta crescente demanda pelo 'mais'. É necessário dizer que a mente funcionando em níveis superficiais não pode ter experiências profundas. Uma mente assim mantém apenas relações sociais; não cultiva amizades profundas. Pode dissecar e analisar uma estrutura; não pode compreender as profundezas da vida subjacente. Porém a espiritualidade é essencialmente assunto de experiências profundas. É a profundidade da experiência o que caracteriza a espiritualidade e não um determinado campo de atividade. Pode-se ser intensamente espiritual num mercado público, e não o ser, em absoluto, num templo ou santuário.
É a pessoa que vive superficialmente que briga com as condições objetivas da vida. Porta-se com um senso de injustiça. Sente ressentimentos para com os Senhores do Karma. Julga-se derrotada pelas circunstâncias em que foi inserida. A superfície da água é constantemente agitada, mesmo por um vento passageiro. O ser humano esforça-se por livrar-se destas perturbações constantes, tentando controlar o vento. Procurar a segurança tentando alterar as condições objetivas da vida é revelar mente imatura. A mente sem profundidade, empenha-se em tais propósitos. Sente-se restringida pelos acontecimentos objetivos, sejam coisas, pessoas ou ideias. Quando o contato da mente com a vida é raso e superficial, as dificuldades do mundo objetivo avultam-se muito. (...)"
(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 10/12)
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