"Max Muller, o grande erudito europeu, disse que os
Upanixades são ‘a fonte da filosofia Vedanta, um sistema no qual a especulação
humana parece ter alcançado seu ápice. Eles são para mim como a luz da manhã,
como o ar puro das montanhas tão simples, tão verdadeiros, uma vez
compreendidos’. Alguns pensadores ocidentais modernos disseram que o Vedanta é
a única abordagem científica à religião que os homens e as mulheres desta
civilização podem aceitar. Podemos perguntar: o Vedanta tem uma abordagem
científica? O que é, afinal, uma abordagem científica? Sua característica
fundamental é uma percepção objetiva das coisas. A ciência se esforça para
olhar para as coisas de um ponto de vista objetivo e não-tendencioso.
Precisamos, entretanto, compreender que dois agentes estão envolvidos em todas
percepções: os sentidos e a mente. Um mero impacto sensorial não é percepção.
Só quando a mente coloca sua assinatura nos impactos sensoriais é que o ato da
percepção se completa. Pois bem, esses dois fatores da percepção têm suas
limitações. As limitações surgem de sua seletividade. Em todos os atos de
percepção há primeiro a seletividade dos sentidos e, a seguir, a seletividade
da mente. É óbvio que não é possível uma percepção perfeitamente objetiva enquanto
houver esse processo seletivo. Ora, a ciência se preocupa em reunir fatos. Suas
proposições e hipóteses se apoiam nos fatos que ela consegue reunir. Mas como
podemos ter certeza dos fatos que reunimos, enquanto o elemento da seletividade
estiver presente? É possível que no próprio processo de reunir os fatos, os
sentidos e a mente deixem de fora muitas coisas que podem ser importantes para
chegar-se às conclusões corretas. (...)
Em parte alguma a abordagem científica do Vedanta é
vista tão claramente quanto no Upanixade Prashna
onde o instrutor e os estudantes estão empenhados em uma verdadeira
investigação científica da natureza das coisas. Esse Upanixade conduz o
investigador do conhecido para o Desconhecido, do manifesto para o Imanifesto,
da matéria densa para o supremanente Espiritual."
(Rohit Mehta - O
Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 83/84)
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