A inveja é um subproduto do ego que se sente diminuído quando algo de bom aconece com alguém, quando alguém possui mais, sabe mais ou tem mais poder do que ele. A identidade do ego depende da comparação e se alimenta do mais. Ele se agarra a qualquer coisa. Quando nada funciona, as pessoas procuram fortalecer seu ego considerando-se mais injustamente tratadas pela vida, mais doentes ou mais infelizes do que os outros. (...)
O 'eu' autocentrado tem também necessidade de se opor, resistir e excluir para manter a ideia de separação da qual depende sua sobrevivência. Assim, ele coloca 'eu' contra 'os outros' e 'nós' contra 'eles'. O ego precisa estar em conflito com alguém ou com alguma coisa. Isso explica por que, apesar de você querer paz, alegria e amor, não consegue suportar a paz, a alegria e o amor por muito tempo. Você diz que quer ser feliz, mas está viciado em ser infeliz. A sua infelicidade não vem dos fatos da sua vida, mas do condicionamento da sua mente.
Você se sente culpado por algo que fez - ou deixou de fazer - no passado? Uma coisa é certa: você agiu de acordo com o nível de consciência ou de inconsciência que tinha na época. Se estivesse mais alerta, mais consciente, teria agido de outra maneira.
A culpa é outra forma que o ego tem para criar uma identidade. Para o ego não importa que essa identidade seja negativa ou positiva. O que você fez ou deixou de fazer foi uma manfiestação de inconsciência, que é natural da condição humana. Mas o ego personifica a situação e diz 'Eu fiz tal coisa' e assim cria uma imagem de si mesmo como 'ruim, falho e insuficiente'. A História mostra que os seres humanos cometeram inúmeros atos violentos, cruéis ou prejudiciais contra os outros e continuam a cometê-los. Será que todos os seres humanos devem ser condenados? Será que são todos culpados? Ou será que esses atos são apenas expressões de inconsciência, um estágio no processo de evolução do qual estamos nos libertando? (...)
Se você estabelece objetivos autocentrados na sua busca de libertação e de autovalorização, mesmo que os atinja, eles não irão satisfazê-lo. Estabeleça objetivos, sabendo porém que o mais importante não é atingi-los. Quando alguma coisa inesperada acontece, fica demonstrado que o momento presente - o Agora - não é apenas um meio para atingir um fim: cada momento do processo é importante em si. Busque seu objetivo valorizando cada passo da caminhada. Só assim você não se deixará dominar pela consciência autocentrada."
(Eckhart Toole - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 27/30)
www.sextante.com.br
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