"Um filhote de pássaro numa árvore pode
instintivamente praticar o bater de asas antes de ser capaz de voar, mas o
instinto não é a base de todas as suas ações. Pode-se ver com frequência o pai
próximo ao filhote, ensinando-lhe a bater as asas, enquanto o pequenino imita e
aprende. Aprender através da imitação é necessário para a sobrevivência.
Por ser parte da sobrevivência, a imitação está
enraizada no cérebro humano, que tem evoluído ao longo de um vasto período de
tempo. Nós somos todos profundamente condicionados a fazer as coisas como os
outros fazem. As línguas, por exemplo, são aprendidas através da imitação. As
crianças copiam os sons dos adultos.
O comportamento e o pensamento são geralmente
mecânicos, impensados. Por isso, a sociedade não muda facilmente. Toda geração
herda, inconscientemente, atitudes e reflexos da geração que a precedeu. Uma
vez que a maioria das pessoas são conformistas, criar uma nova sociedade, com
melhores valores, é muito difícil. (...)
Temos, portanto, a obrigação de examinar a maneira
como pensamos. Imitamos o mundo em geral e separamos o interesse da minha
família do de outras famílias, da minha nação do de outras nações, e assim por
diante? Para nos libertarmos de hábitos impressos em nossos cérebros, devemos
aprender, de maneira crescente, a perceber que o conformismo e o pensamento
imitativo são a causa da estagnação da sociedade e da ausência de criatividade
individual."
(Radha Burnier -
Criatividade e adaptação - Revista Sophia, Ano 3, nº 9 - p. 23/24)
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